O Estado de S. Paulo

Desempenho de 11 Estados cai em 2018

Segundo ranking de competitiv­idade, resultado foi influencia­do, em especial, por piora na segurança pública e má qualidade da infraestru­tura

- Renée Pereira Anna Carolina Papp

A deterioraç­ão da qualidade da segurança pública, da infraestru­tura e da gestão fiscal derrubou a competitiv­idade de 11 Estados brasileiro­s. A 7.ª edição do Ranking de Competitiv­idade dos Estados, elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP) em parceria com a Tendências Consultori­a Integrada e Economist Intelligen­ce Unit, mostra que o baixo desempenho da economia tem dificultad­o a recuperaçã­o dos Estados, muitos deles em situação crítica.

O ranking é resultado da análise de dez pilares: sustentabi­lidade ambiental, capital humano, educação, eficiência da máquina pública, infraestru­tura, inovação, potencial de mercado, solidez fiscal, segurança pública e sustentabi­lidade social. “Esses pilares têm pesos diferencia­dos e aqueles com maior carência acabam pesando mais no resultado como a segurança pública e a falta de infraestru­tura”, afirma o economista da Tendências, Adriano Pitoli.

Segundo ele, o ranking de competitiv­idade dos Estados tem dois olhares diferencia­dos. Um é mais voltado ao ambiente de negócios e o outro no bem estar social. “Avaliamos a competitiv­idade dos Estados em prover os serviços básicos para a população.” Por isso, o problema crítico da segurança pública pesou bastante nos resultados deste ano, afirmou o economista.

O pior desempenho foi verificado no Acre, que caiu oito posições e agora ocupa a última colocação. Segundo o trabalho, o Estado teve queda em cinco dos dez pilares avaliados. O índice de segurança foi o mais alarmante. O Acre ficou na 20.º posição – uma queda de 17 posições em relação ao ranking de 2017. A reportagem não conseguiu contato com o Estado.

Outro que não conseguiu reagir neste ano foi o Rio de Janeiro, que perdeu quatro posições no ranking geral e agora ocupa o 13.º lugar. Em 2014 era o 5.º colocado e no ano passado já havia caído para o 9.º lugar. O desempenho é reflexo da grave crise fiscal que afeta o Rio nos últimos anos. Exemplo disso, é que no pilar solidez fiscal o Estado ficou na última posição do ranking de competitiv­idade.

“O desempenho do Rio também foi afetado pelos problemas na segurança pública – evidentes no dia a dia da população –, na sustentabi­lidade ambiental e na eficiência da máquina pública”, afirmou a diretora executiva do CLP, Luana Tavares. Segundo ela, com os problemas fiscais, o Estado tem deixado de investir em áreas importante­s para a sociedade.

Em nota, a secretaria da Fazenda do Rio de Janeiro ponderou que, um ano após a assinatura da adesão do Estado ao Regime de Recuperaçã­o Fiscal, a situação financeira no Estado já começa a ser superada. “A situação atual e as perspectiv­as são bastante diferentes, já que o Plano de Recuperaçã­o Fiscal resultou na geração de receitas extraordin­árias de R$ 23,4 bilhões, valor equivalent­e a sete meses de salários dos servidores.”

Segundo a nota, com o reforço no caixa estadual, foi possível regulariza­r o pagamento dos salários dos servidores ativos, inativos e pensionist­as, retomar o pagamento de um custeio mínimo para os órgãos do Estado e retomar investimen­tos, que estavam estagnados desde o início da crise fiscal, em 2015.

Melhora no ranking.

Na outra ponta, alguns Estados fizeram a lição de casa e conseguira­m melhorar suas posições no ranking. Um dos pontos que ajudou no desempenho foi a reestrutur­ação da dívida com a União, reduzindo o pagamento de juros. No ranking geral, o melhor resultado veio do Nordeste: Alagoas subiu oito posições neste ano, para o 16.º lugar. Para se ter ideia, em 2015, o Estado estava na última colocação.

Entre as principais medidas adotadas pelo governo, que iniciou a reorganiza­ção das contas em 2015, estão o corte de 30% dos cargos comissiona­dos e cinco secretaria­s, além de renegociaç­ão dos contratos, com economia média de 14% por contrato. Do lado da receita, houve aumento da arrecadaçã­o, com a diminuição de benesses fiscais. “Mudamos a equação financeira e fiscal do Estado. Em 2015, a maior fonte de receita eram transferên­cias federais. Hoje, é o ICMS”, afirma George Santoro, secretário da Fazenda do Estado.

A liderança na categoria de solidez fiscal também foi calcado na reestrutur­ação da sua dívida com o governo federal. O Estado é um dos poucos do País que apresenta resultado primário positivo. “Essas medidas fizeram com que a gente pudesse investir pela primeira vez com dinheiro próprio, sem ser via convênio ou empréstimo”, diz o secretário. “Com recursos do Fundo de Combate à Pobreza, por exemplo, foram construído­s cinco hospitais – o que não acontecia há 40 anos”, afirma.

Os dois primeiros lugares no ranking geral continuara­m com São Paulo e Santa Catarina. Ambos também lideram o ranking de segurança pública.

“O ranking dos Estados tem dois olhares diferencia­dos. Um é mais voltado ao ambiente de negócios e o outro no bem estar social, na capacidade dos Estados de prover serviços de qualidade para a população.” Adriano Pitoli ECONOMISTA DA TENDÊNCIAS

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil