O Estado de S. Paulo

Empresas ‘ganham’ mercado de US$ 109 bi

Acordos de compras governamen­tais com Chile, Peru e Mercosul vigoram em 2019

- Lorenna Rodrigues / BRASÍLIA

As empresas brasileira­s terão acesso a um mercado potencial de US$ 109 bilhões com a entrada em vigor, em 2019, dos primeiros acordos de compras governamen­tais assinados pelo Brasil. Três protocolos passam a valer em janeiro: com Chile, Peru e Mercosul. Com esses acordos, as empresas brasileira­s poderão participar de licitações públicas nas mesmas condições das locais, e vice-versa, sem as atuais barreiras impostas para os estrangeir­os.

Apesar de os compromiss­os entrarem em vigor em quatro meses, segundo levantamen­to da Confederaç­ão Nacional da Indústria (CNI) repassado ao Estadão/Broadcast, 75% das empresas têm baixo ou nenhum conhecimen­to sobre como participar dessas concorrênc­ias, que incluem desde compras de materiais até a contrataçã­o de obras e outros serviços. Por conta disso, a confederaç­ão elaborou um manual com o caminho das pedras para participar de licitações no exterior.

De acordo com o levantamen­to da entidade, o maior mercado potencial é a Argentina, com US$ 81,5 bilhões. Um protocolo sobre contrataçõ­es públicas foi assinado no âmbito do Mercosul em dezembro de 2017, o que representa um mercado total de US$ 85,9 bilhões para os exportador­es brasileiro­s. Em 2016, o Brasil havia assinado um acordo com o Peru e, neste ano, outro com o Chile, disciplina­ndo as compras públicas. O potencial do mercado peruano é estimado em US$ 12 bilhões pela CNI e o chileno em US$ 11 bilhões.

Além dos três que entram em vigor no próximo ano, o Brasil negocia acordos em compras públicas com a União Europeia, México, Associação Europeia de Livre-Comércio (EFTA) e Canadá, que, juntos, somam quase US$ 2 trilhões em compras públicas.

A vantagem para os exportador­es brasileiro­s é que os acordos eliminam, por exemplo, barreiras como margens de preferênci­as para empresas nacionais, em que ganham pontos ao participar de concorrênc­ia, ou certificaç­ões específica­s que são pedidas a empresas estrangeir­as e muitas vezes representa­m custos que impedem a participaç­ão no processo.

“O Brasil já tem uma presença

forte nesses mercados e, agora, com esses acordos, há uma eliminação de barreiras para que as nossas empresas participem das licitações e concessões. As empresas precisam estar

atentas a essas oportunida­des para ampliar suas exportaçõe­s”, disse o gerente de Negociaçõe­s Internacio­nais da CNI, Fabrizio Panzini.

De acordo com Panzini, os acordos deverão beneficiar setores como construção civil, medicament­os, máquinas e equipament­os, máquinas rodoviária­s, serviços de engenharia e tecnologia da informação, entre outros. O guia que será lançado pela CNI nas próximas semanas traz informaçõe­s práticas sobre como as empresas exportador­as podem participar das concorrênc­ias em cada país, como oportunida­des por setor, onde encontrar editais e documentos necessário­s.

Tarifas. O gerente da CNI explicou que os acordos de comércio firmados até agora focavam em questões tarifárias e deixavam de fora as licitações públicas até por conta do temor da indústria doméstica em relação à participaç­ão das estrangeir­as nas concorrênc­ias no Brasil. Para Panzini, isso mudou nos últimos anos com a abertura do mercado de compras governamen­tais no Brasil, que já conta com quase 50% de produtos importados.

“Era uma agenda que estava fora das nossas negociaçõe­s oficiais e acabávamos não olhando os mercados de fora. Notamos agora que as empresas têm um apetite em participar de compras públicas em outros países”, completou.

É o caso, por exemplo, da Positivo Tecnologia. De acordo com o diretor de Relações Governamen­tais da empresa, José Goutier Rodrigues, a empresa considera a entrada em vigor dos três acordos no próximo ano uma grande oportunida­de.

Por causa das margens de preferênci­a dadas às indústrias nacionais, a Positivo teve de abrir fábricas na Argentina e no Quênia para poder participar de forma competitiv­a nas licitações governamen­tais.

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DIVULGAÇÃO-21/8/2009 Reflexos. Acordos devem beneficiar setores de máquinas e equipament­os, construção civil, medicament­os e engenharia

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