Para empresário, repasse ajuda a equilibrar disputa
Eduardo Mufarej diz que doações atenuam a diferença entre novatos e os candidatos que dispõe do Fundo Eleitoral
O empresário Eduardo Mufarej, um dos idealizadores do RenovaBR, considera que a doação de pessoa física ajuda a atenuar a diferença entre os candidatos que dispõem de recursos públicos do Fundo Eleitoral, principalmente deputados que buscam renovar seus mandatos, e os que estão tentando conseguir a vaga pela primeira vez.
“As pessoas que podem promover uma renovação política qualificada estão recebendo doações de quem entende que, se a sociedade não participar, a chance de elas se elegerem é próxima de zero e aí o Brasil vai continuar patinando nessa questão da distância entre representantes e representados”, avalia o empresário.
Ele lembra que parte do fundo, criado pela reforma eleitoral do ano passado e que tem R$ 1,7 bilhão de recurso público, está sendo destinada a candidatos que tentam a reeleição. A maioria dos partidos decidiu privilegiar candidaturas a deputados federais na distribuição da verba que recebeu do fundo para tentar manter ou até ampliar a bancada na Câmara.
“Temos financiamento público na história pela primeira vez, mas não teve discussão sobre para onde esse dinheiro deveria ir”, diz Mufarej. “Em vários Estados, enquanto um partido coloca R$ 1 milhão na reeleição de um candidato a deputado federal,
outro que não tem mandato não recebe nada. Essa é a notícia que me deixa desesperado. Todo cidadão brasileiro está botando R$ 10 na conta do fundo eleitoral, e quem decide? Qual é o critério?”, questiona.
Para o cientista político Humberto Dantas, pesquisador da FGV, a reforma política que criou o Fundo Eleitoral, no ano passado, foi feita para beneficiar candidatos à reeleição. “Os partidos têm de aprender que precisam que a sociedade reverta recursos e considere razoável financiá-los. Eles precisam se conectar com eleitores e conectar também representa angariar dinheiro e descolar recursos.”