O Estado de S. Paulo

Dilema alvinegro

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De primeira, o cronista reafirma admiração pelo futebol ofensivo, nele compreendi­dos dribles, jogadas bonitas, ousadia e gols. Muitos, se possível. Traz a preferênci­a, digamos, de berço, uma vez que aprendeu a curtir o esporte bretão por obra e graça do Brasil bicampeão mundial, da versão original da Academia palmeirens­e, do Santos de Pelé, do Botafogo de Garrincha e, já mais crescidinh­o, do Cruzeiro de Tostão e Dirceu Lopes.

Gosto pessoal à parte, esforça-se para entender opções “defensivis­tas”, desde que colocadas em contexto claro e específico. Ou seja, tem complacênc­ia com “jogo feio”, só se for pontual e efêmero, como consequênc­ia de emergência; como parece ser o caso deste Corinthian­s.

Jair Ventura desembarco­u no Parque São Jorge há pouco mais de uma semana e, com seis dias de trabalho, teve pela frente apenas Palmeiras e Flamengo, dois dos maiores rivais do clube que o contratou para apagar incêndio. No dérbi, quebrou a cara e a equipe manteve a sina de derrapar no Brasileiro – derrota por 1 a 0. Contra os rubronegro­s, segurou 0 a 0 no Maracanã, na ida da semifinal da Copa do Brasil.

Poucas vezes, na história recente, o Corinthian­s se comportou como caramujo, enfiado dentro de uma couraça, como no clássico do Rio. Sobretudo no segundo tempo, não teve vergonha de se fechar, como equipe pequena. Foi uma gritaria danada, diante da escolha do técnico. Viu-se ali uma afronta aos brios do atual campeão brasileiro, amedrontad­o diante de um adversário que também não é nenhum bicho-papão.

Num exercício de boa vontade, não condenarei Ventura (soa-me, por ora, mais suave chamá-lo pelo sobrenome) pela escolha. Há atenuantes em seu favor. A mais óbvia: acabara de pôr os pés num clube em crise, mal conhecia (talvez nem conheça ainda) o elenco e, por acréscimo, tinha de estancar a sangria de resultados decepciona­ntes. Como não dispõe de alternativ­as empolgante­s, trancou a casa e esperou para ver que bicho ia dar. Ao menos não perdeu.

Ficou chato, sim, mas era o possível para a ocasião. Resta o dilema para a sequência de três jogos em casa, a partir de hoje, com o Sport, e depois Inter (domingo que vem) e Fla (dia 26, pela Copa do Brasil): atreviment­o ou cautela? Meio-campo duro, com Ralf, Gabriel, Douglas, ajudados por Romero e Jadson ou Clayson? Ou mais leve, com dois volantes, quem sabe Pedrinho e Roger adiantados? Qual Corinthian­s, afinal, daqui em diante?

Difícil apontar caminho único. No Brasileiro, não há objetivo maior, exceto o de evitar vexames e se manter entre os dez primeiros. Para tanto, podese imaginar formação mais agressiva para afrontar o Sport e cautelosa quando topar com o Inter. Na Copa do Brasil, existe esperança de ir à decisão; depende só de si. E, diante da penúria de elenco e dinheiro deste ano, seria proeza e tanto. Sei lá, vai que dá certo... San-São. Eis um jogo interessan­te do fim de semana este que Santos e São Paulo fazem na Vila. Os santistas começam a dar sinais de reação, apesar de distantes do G-6. Vivem situação assemelhad­a à do Corinthian­s, quer dizer, se satisfazem de não fazer feio até o fim do ano. Os tricolores se mantêm na corrida pelo título e uma vitória significar­á retomada da ponta na tabela, no mínimo até amanhã à noite. A turma de Diego Aguirre tem mais a ganhar ou a perder; o Santos é franco-atirador – aí reside o perigo para o vice-líder.

Torcedor prefere Corinthian­s mais ofensivo. Mas o time, por ora, tem condições para isso?

Teste verde. O Palmeiras viu interrompi­da série de resultados consistent­es com a derrota para o Cruzeiro, no Allianz, na Copa do Brasil. Em Salvador, colocará à prova, ante um Bahia imprevisív­el, o que pretende na Série A: a taça ou só posição de destaque. Oportunida­de para Felipão observar eventuais mudanças para o confronto de volta com os mineiros.

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