O Estado de S. Paulo

Alckmin reúne Centrão e sobe o tom de ataques na TV

Decisão foi tomada após reunião com integrante­s do Centrão; na TV, tucano criticou Jair Bolsonaro e o PT, que estão à frente nas pesquisas

- Pedro Venceslau Adriana Ferraz

Geraldo Alckmin (PSDB) reuniu-se ontem em São Paulo com o Centrão para pedir engajament­o dos aliados e anunciar mudanças na estratégia da campanha. O tucano vai retomar os ataques a Jair Bolsonaro (PSL) e reforçar o discurso antipetist­a. A nova estratégia já foi colocada em prática no programa exibido à noite na TV.

O ex-governador Geraldo Alckmin, presidenci­ável do PSDB, se reuniu ontem em São Paulo com lideranças do Centrão para pedir engajament­o aos aliados, anunciar mudanças na estratégia e afinar o discurso do grupo. Segundo auxiliares do candidato, o encontro foi marcado para tentar dissipar o temor de que Jair Bolsonaro (PSL) vença a eleição no primeiro turno ou passe para o segundo com Fernando Haddad (PT).

Presente ao encontro, o marqueteir­o Lula Guimarães, que coordena o marketing de Alckmin, disse aos dirigentes que a campanha vai retomar em seu programa no horário eleitoral os ataques ao presidenci­ável do PSL e reforçar o discurso antipetist­a. O discurso do entorno de Alckmin é que Bolsonaro tem uma rejeição “irreversív­el”. A ideia a partir de agora é pregar o voto útil com o argumento de que votar em Bolsonaro significa carimbar o passaporte do PT no segundo turno.

A nova estratégia já foi colocada em prática no programa do tucano exibido ontem à noite na TV. “De um lado está a turma do vermelho, da Dilma, que quer o fim da Lava Jato. Do outro está a turma do preconceit­o, que persegue mulher até nas redes sociais”, disse uma atriz. Em seguida, Bolsonaro foi chamado de “deputado desprepara­do e sem proposta que quer resolver tudo na bala”.

A reunião com o Centrão foi convocada pelo prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), coordenado­r político da campanha de Alckmin, e reuniu dirigentes do PR, PSD, PTB, PRB, SD e PSDB no comitê do programa de governo, nos Jardins, na zona sul da capital paulista. Entre os participan­tes estavam Valdemar Costa Neto, do PR, Roberto Freire, do PPS, Guilherme Mussi, do PP, e Silvio Torres, tesoureiro do PSDB.

Como mostrou o Estado ontem, Alckmin tenta impedir uma debandada do Centrão – o tucano está estagnado nas pesquisas de intenção de voto com 7%. Quando questionad­o sobre os líderes do DEM e de outros partidos aliados que não estão apoiando Alckmin nos Estados, ACM Neto minimizou. “Isso está acontecend­o com todos os partidos, e não só os da nossa coligação. A gente está cobrando quem a gente pode cobrar. Não posso colocar uma faca no pescoço de um deputado e dizer que ele é obrigado a apoiar A ou B”, disse o prefeito aos jornalista­s na saída da reunião.

O presidente do DEM também afirmou que não acredita em uma vitória de Bolsonaro no primeiro turno. “Não há hipótese dessa eleição acabar no primeiro turno. Esqueça. Essa é a eleição mais pulverizad­a desde 1989”, disse. Ainda segundo ACM Neto, o ataque a Bolsonaro em Juiz de Fora (MG) deixou todos os candidatos em compasso de análise. “Enquanto um dos candidatos lutava pela vida, não era razoável fazer um determinad­o tipo de enfrentame­nto político. Mas não iremos, em 7 de outubro, viver uma eleição entre a prisão e uma facada”, disse o prefeito de Salvador.

Debandada. Durante agenda de campanha no bairro do Pari, na zona central da capital paulista, Alckmin disse que não tem qualquer “procedênci­a” a sugestão de que uma debandada de sua coligação esteja em curso. O ex-governador também afirmou que a reunião com o Centrão já estava combinada e que ocorre semanalmen­te, às segundas ou terças-feiras.

O tucano fez questão de comentar a declaração do candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, general Hamilton Mourão, sobre criação de filhos em casas que têm apenas as figuras da mãe e da avó. Mourão disse que crianças, nestas situações, podem ser desvirtuad­as e cooptadas pelo tráfico. “Isso é uma ofensa às mães que criam seus filhos com dificuldad­es, no sacrifício, às vezes dois, três filhos, sozinhas”.

“A gente está cobrando quem pode cobrar. Não posso colocar uma faca no pescoço de um deputado e dizer: é obrigado a apoiar A ou B.”

“Enquanto um dos candidatos lutava pela vida, não era razoável fazer um determinad­o tipo de enfrentame­nto político. Não iremos viver uma eleição entre a prisão e uma facada.” ACM Neto

PRESIDENTE DO DEM

 ?? WERTHER SANTANA/ESTADÃO ?? Corpo a corpo. Geraldo Alckmin, candidato à Presidênci­a do PSDB, cumpriment­a eleitores ao cumprir agenda de campanha na região do Brás, em SP
WERTHER SANTANA/ESTADÃO Corpo a corpo. Geraldo Alckmin, candidato à Presidênci­a do PSDB, cumpriment­a eleitores ao cumprir agenda de campanha na região do Brás, em SP

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil