O Estado de S. Paulo

Governo deve liberar mais de R$ 3 bilhões do Orçamento

Folga. Com uma previsão de gastos menor que o esperado, equipe econômica encontrou espaço para remanejar recursos, que devem ser disputados pelos órgãos públicos às vésperas das eleições; decreto com a liberação da verba sai até dia 30 de setembro

- Idiana Tomazelli Adriana Fernandes / BRASÍLIA

O governo revisou as projeções de despesas para o ano e deve liberar mais de R$ 3 bilhões para ministério­s e órgãos federais. A 18 dias das eleições, a nova margem para gastos abre espaço a negociaçõe­s políticas pela distribuiç­ão dos recursos. O governo tem até sexta-feira para fechar a avaliação de receitas e despesas do 4.º bimestre.

O governo revisou as projeções de despesas para este ano e deve liberar mais de R$ 3 bilhões para ministério­s e outros órgãos federais, segundo apurou o ‘Estadão / Broadcast’. A 18 dias das eleições, a nova margem para gastos abre espaço a negociaçõe­s políticas pela distribuiç­ão desses recursos.

O governo deve gastar menos do que previa com o pagamento de benefícios previdenci­ários, abono salarial, seguro-desemprego e subsídios. Essa diferença vai abrir espaço dentro do teto de gastos para realocar essa verba para outras áreas, atendendo a demandas de órgãos sufocados pela falta de recursos. O teto de gastos é o mecanismo que proíbe que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação.

A equipe econômica tem até sexta-feira para revisar os dados e publicar o relatório de avaliação de receitas e despesas do 4.º bimestre deste ano. Os números foram discutidos ontem pela Junta de Execução Orçamentár­ia, que reúne os ministros da Casa Civil, Fazenda e Planejamen­to. O valor pode ficar mais próximo dos R$ 4 bilhões, a depender das avaliações que serão feitas nos próximos dias. O decreto que libera os recursos será publicado até o próximo dia 30.

Pela regra do teto, apenas uma revisão nos gastos é capaz de dar espaço a novas despesas. Mesmo que haja arrecadaçã­o acima do esperado, essas receitas só podem ajudar no resultado primário (gerando um déficit menor que os R$ 159 bilhões permitidos pela meta fixada pelo governo) ou bancar despesas fora do teto, como é o caso de capitaliza­ção de estatais. Como a arrecadaçã­o de julho veio melhor que as estimativa­s do governo, a “folga” em relação à meta também deve aumentar.

Pedidos emergencia­is. Em maio, o governo já havia liberado R$ 2 bilhões. Em julho, o governo só conseguiu liberar R$ 666 milhões em relação ao teto, ante uma lista de pedidos dos ministério­s bem maior, que passava dos R$ 10 bilhões. A prioridade na ocasião foi atender a pedidos emergencia­is, como recursos necessário­s para manter o funcioname­nto de agências do INSS. Houve inclusive cancelamen­to de algumas despesas não realizadas até o momento para dar lugar a demandas mais urgentes.

A avaliação no governo é de que a restrição de recursos ainda impõe muitas dificuldad­es aos órgãos, daí a necessidad­e de liberar os limites dentro do teto de gastos. Mas o dinheiro só poderá ser remanejado porque houve revisão nas projeções de

despesas obrigatóri­as. No último relatório, a equipe econômica previa um gasto de R$ 594,1 bilhões com benefícios do INSS e de R$ 56,9 bilhões com abono e seguro-desemprego. Já a projeção de despesas com subsídios estava em R$ 20,6 bilhões.

As despesas com custeio da máquina, por sua vez, estavam estimadas em R$ 81,9 bilhões, patamar considerad­o baixo diante da necessidad­e dos órgãos. Já os investimen­tos eram projetados em R$ 31,1 bilhões no 3.º bimestre. A distribuiç­ão dos recursos a serem liberados será feita posteriorm­ente, conforme as prioridade­s dos ministério­s.

 ?? ALEX SILVA/ESTADÃO–7/8/2018 ?? Calma. Governo Temer tem até sexta-feira para publicar relatório com receitas e despesas
ALEX SILVA/ESTADÃO–7/8/2018 Calma. Governo Temer tem até sexta-feira para publicar relatório com receitas e despesas

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil