O banquete de Maduro
Indignação. Imagens que se espalharam na internet mostram chavista comendo suculentos pedaços de carne e fumando charuto em restaurante de luxo na Turquia, enquanto país atravessa crise econômica e população sofre com escassez de comida e remédios
Vídeos que mostram Nicolás Maduro comendo em um restaurante de luxo na Turquia, cujos pratos podem custar até R$ 1.350, causaram revolta na Venezuela. O país tem 87% da população vivendo na pobreza. Maduro confirmou que foi ao local.
Vídeos que mostram o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, comendo suculentos pedaços de carne servidos pelo famoso chef turco Nusret Gökce, conhecido como “Salt Bae”, em Istambul, causaram indignação na Venezuela. Segundo ONGs, 87% da população do país vive na pobreza e a fome disparou em razão da grave crise econômica.
“Isso é só uma vez na vida”, diz Maduro em um dos vídeos, ao lado de sua mulher, Cilia Flores, enquanto o chef Salt Bae corta pedaços de carne. O turco costuma atender pessoalmente celebridades como o ator Leonardo Di Caprio e o jogador Cristiano Ronaldo. Em outro vídeo no restaurante, Maduro fuma um charuto cubano tirado de uma caixa com seu nome em uma placa dourada e recebe uma camiseta com uma caricatura de Gökce.
Os pratos nos restaurantes de Salt Bae custam entre US$ 70 (R$ 289) e US$ 250 (R$ 1350), o que representa entre dois e oito meses de salário mínimo na Venezuela. Maduro voltou na madrugada da segunda-feira para Caracas depois de uma viagem para a China, onde esteve em busca de empréstimo. Ele confirmou que parou em Istambul depois de um convite para almoçar com autoridades turcas. “Compartilhamos (uma refeição) em um restaurante famoso. Envio aqui uma saudação para Nusret, que nos atendeu pessoalmente. Espero por ele em Caracas”, disse o presidente em transmissão na TV estatal.
Antes do comentário de Maduro, Salt Bae agradeceu a visita do venezuelano ao publicar as gravações em uma rede social. Depois de receber milhares de críticas e de os vídeos se tornarem virais, o turco apagou as publicações.
Os vídeos e fotos causaram indignação na Venezuela. “Chavismo é pedir dinheiro emprestado para a China porque não tem como pagar dívidas e depois ir a restaurantes de luxo”, criticou o especialista em meio digitais Luis Carlos Díaz, no Twitter.
“Comendo carne e fumando charuto com os dólares que são negados para comprar medicamentos e alimentos: presidente trabalhador”, escreveu o dissidente chavista Nicmer Evans, se referindo à crise que atinge a Venezuela.
“Com o que Maduro gastou no restaurante de Salt Bae, provavelmente, poderia comprar materiais escolares para umas 50 crianças para o próximo ano. É o cúmulo do cinismo”, escreveu o empresário José Kell, em sua conta no Twitter.
A hiperinflação na Venezuela deve atingir 1.000.000% em 2018, segundo o FMI, e já obrigou milhões de pessoas a fugir do país em busca de melhores condições de vida. O governo garante ser vítima de uma “guerra econômica” de empresários de direita e frequentemente culpa as sanções econômicas dos Estados Unidos pelo agravamento da crise.
Parceiros. Recentemente, o governo da Venezuela se aproximou da Turquia – ambos buscam aliados para driblar o isolamento causado pelas sanções americanas. Estiveram na Turquia o ministro das Finanças, Simón Zerpa, em novembro, a presidente da Assembleia Constituinte, Delcy Rodríguez, em janeiro, e o ministro do Comércio Exterior, José Gregorio Vielma Mora, em maio.