O Estado de S. Paulo

PF faz buscas em escritório de Tiago Cedraz

- Fabio Serapião / BRASÍLIA

O advogado Tiago Cedraz, filho do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Aroldo Cedraz, foi alvo de busca e apreensão e o chefe de gabinete do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (Solidaried­ade), Marcelo de Lima Cavalcanti, foi preso ontem na 4.ª fase da Operação Registro Espúrio.

Autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, a nova fase da investigaç­ão sobre compra de registros sindicais no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mira no desvio de cerca de R$ 9 milhões da Conta Especial Emprego e Salário (CEES).

Administra­da pelo Ministério do Trabalho, a CEES recebe valores da contribuiç­ão sindical e faz parte do Fundo de Amparo ao Trabalhado­r (FAT). De acordo com os investigad­ores, o grupo criminoso alvo da operação fraudava a restituiçã­o das contribuiç­ões sindicais que eram recolhidas acima do valor exigido ou indevidame­nte.

A hipótese da Polícia Federal é de que os pedidos de restituiçã­o eram manipulado­s pelo grupo com o intuito de adquirir direito a créditos. Após esse processo de maquiagem dos dados, segundo a PF, os valores eram transferid­os da CEES para as contas bancárias das entidades sindicais e um porcentual era repassado para os servidores públicos e advogados integrante­s do esquema.

A suspeita é de que o escritório de Tiago Cedraz foi um dos que receberam valores desviados da CEES. Um dos sócios da banca, Bruno Galiano, foi preso temporaria­mente pela PF. Cedraz também é secretário de Assuntos Jurídicos do Solidaried­ade, partido de Paulinho da Força. O deputado já foi alvos de outras fases da operação.

Ao todo, foram expedidos 16 mandados de busca e apreensão e nove mandados de prisão temporária para serem executados em Brasília, Goiânia, Anápolis, São Paulo e Londrina. Até a conclusão desta edição, os mandados de prisão contra o advogado Cláudio Mendes e o sindicalis­ta Willian Roberto Cardoso não haviam sido cumpridos.

O criminalis­ta Roberto Pagliuso, que defende Marcelo Cavalcanti, não se manifestou porque não teve acesso aos autos. O escritório Cedraz Advogados afirmou não existir “conduta ilícita” ou “oferta de vantagem nem valores” ao advogado Bruno Galiano. “O depoimento do sr. Renato Araújo deixa claro que sequer conhece o advogado Tiago Cedraz”, diz a nota sobre a versão apresentad­a pelo delator.

Galiano, por sua vez, afirmou, em nota, que esteve com Araújo na condição de advogado e que “por nunca ter cometido qualquer ato ilegal na representa­ção dos meus clientes, nunca prometi qualquer vantagem a quem quer que seja.”

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