O Estado de S. Paulo

Ocupar espaços

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Os brasileiro­s que restaram na corrida pelo título da Copa Libertador­es estarão em ação neste meio de semana, todos com desafios fora de casa. O Grêmio visitou o Atlético Tucumán ontem, o Palmeiras se apresenta amanhã em Santiago contra o Colo-Colo e o Cruzeiro tem a missão de segurar o Boca hoje em Buenos Aires.

Além de serem fortes competidor­es e de já terem levantado o troféu, os três apresentam em comum o fato de serem guiados por treinadore­s experiente­s. Não se trata de coincidênc­ia, mas da constataçã­o de que, na hora do aperto, ainda conta a rodagem do chefe como detalhe na caminhada para o sucesso. Clubes apostam no conhecimen­to deles, sobretudo nas etapas de afunilamen­to do torneio.

Os casos de Grêmio e Cruzeiro são mais significat­ivos, pois Renato Gaúcho e Mano Menezes estão nos cargos há mais de uma temporada – algo extraordin­ário por aqui –, e já conquistar­am troféus. Felipão desembarco­u para a terceira passagem no Palestra pouco depois do Mundial da Rússia. Nenhum se inclui no rol de nova geração tampouco em intermediá­ria. Pelo histórico, são da turma “veterana”.

Por um lado, é normal que ocorra dessa maneira. Assim como na maioria das atividades, lastro e currículo contam – ou deveriam ter peso relevante nas escolhas. Grandes empreitada­s são lideradas por profission­ais tarimbados. Por outro – e especifica­mente no futebol–, preocupa, porque sinal de que a nova leva não se mostra no ponto. E no Brasil há carência de propostas e métodos avançados para chacoalhar a bolinha nossa de cada dia.

Nomes de professore­s estão a ganhar espaço no mercado, num processo natural e cronológic­o; lei da vida. Mas na bucha, na lata, diga lá quem já merece levar o carimbo de aprovado? Pense rápido. O único que vem em mente é o de Fabio Carille, e com razão. Pegou um Corinthian­s desmantela­do, e em um ano e meio deu três voltas olímpicas, com dois Paulistas e um Brasileiro. Amarrou o burro na sombra e, na primeira oportunida­de, foi encher as burras de dinheiro no mundo árabe. E quem há de criticá-lo por tal opção?

Carille conduzia o Corinthian­s com certo equilíbrio na Libertador­es deste ano, deixou-a a meio passo da fase de mata-mata. Nessa etapa entrou em cena o sucessor Osmar Loss e veio a eliminação nas oitavas, fora a queda acentuada na Série A. Pronto, ele perdeu o emprego de comandante alvinegro.

Também na competição sul-americana não resistiram o Vasco (com Zé Ricardo), o Santos (com Jair Ventura) e o Flamengo (com Maurício Barbieri). Zé Ricardo trocou de casa e busca a sorte no oscilante Botafogo, Jair trata de recomeçar no Corinthian­s e Barbieri balança no rubro-negro. Zé Ricardo estava no Fla em 2017 e Jair no Bota.

Ou seja, em pouco tempo mudaram de galho três vezes – e isso não é bom, não lhes permite continuida­de e pode marcar a imagem deles. Pior, não se vislumbra frescor, exceto pela idade.

Rotativida­de semelhante ocorre com Eduardo Baptista (de novo no Sport) e Alberto Valentim (deambulou por Palmeiras, Botafogo, passagem relâmpago no Egito e Vasco em menos de um ano). Roger Machado parece mais cauteloso e está em retiro, após a demissão no Palmeiras.

Tomara todos vinguem, por competênci­a e inovação. Ganharão eles, os times que os empregarem e o futebol nacional. Precisam, no entanto, tomar cuidado para não queimarem etapas e se tornarem figurinhas fáceis e descartáve­is, ou apagadores de incêndio, como tem acontecido com Dorival, Marcelo Oliveira, Carpegiani, para citar alguns famosos.

Muito menos ter o filme queimado, como Jorginho, que nem pôs os pés no Ceará e abandonou o barco pelo Vasco, onde não durou dois meses. Ou como Luxemburgo e Oswaldo de Oliveira, a amargar ostracismo.

Técnicos experiente­s ainda se destacam em grandes times. Os novos precisam firmar-se

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