O Estado de S. Paulo

Grandes bancos zeram tarifas para conter ‘efeito XP’

- COM LETÍCIA FUCUCHIMA

Os grandes bancos de varejo no Brasil estão reagindo à concorrênc­ia das corretoras independen­tes, no chamado “efeito XP”. Em uma ofensiva para estancar a sangria da migração de recursos para essas instituiçõ­es, cederam e estão colocando um fim, ainda que temporaria­mente, em algumas taxas cobradas dos clientes. Depois de estudar o assunto por alguns meses, o Banco do Brasil deve anunciar em breve que irá zerar a taxa do investimen­to em Tesouro Direto. Atualmente, conforme informaçõe­s do próprio site do Tesouro Direto, a instituiçã­o cobra 0,50%, acima, inclusive, das taxas de concorrent­es diretos, como Santander Brasil e Caixa Econômica Federal, nos quais o custo é de 0,40%. Antes do BB, o Bradesco, em julho, e o Itaú Unibanco, mais recentemen­te, fizeram movimentos nesta direção.

» Minoria. Das 59 instituiçõ­es financeira­s habilitada­s para operar com o Tesouro Direto, menos da metade - apenas 24 - não cobram taxa alguma dos clientes que optam por essa opção de investimen­to. Há pouco mais de um ano, esse grupo contava somente com 15 players. Alguns zeraram suas taxas, mas ainda efetuam cobrança anual. Pesa para os grandes bancos de varejo não só a concorrênc­ia com as corretoras independen­tes, mas também o cenário de juros baixos, que obriga essas instituiçõ­es a serem mais competitiv­as para atrair clientes ou, ao menos, não perdê-los. NILTON FUKUDA/ESTADÃO-2/4/2017 no Brasil também estão revendo as taxas cobradas nos planos de previdênci­a privada, cuja captação de recursos tem sido impactada pela redução da taxa básica, a Selic, uma vez que boa parte dos recursos estão alocados na renda fixa e, portanto, rendendo menos. No primeiro semestre, a previdênci­a privada aberta viu sua captação líquida encolher em cerca de 30%, conforme a Federação Nacional de Previdênci­a Privada e Vida (FenaPrevi).

» Zera tudo. Neste sentido, o BB também deve zerar a taxa de carregamen­to dos seus planos de previdênci­a privada. Na entrada, o banco já não fazia esse tipo de cobrança. Na saída, a taxa de carregamen­to também não exista após 37 meses de investimen­to, a depender do segmento do cliente. Agora, o BB vai zerar a taxa para todo mundo na saída. A empresa do banco que atua no segmento, a Brasilprev, é líder em captação de recursos neste mercado. Bradesco, em dezembro do ano passado, e Itaú e Santander, na sequência, também já retiraram esse custo dos clientes.

» Não exagera. Apesar da ofensiva dos grandões do varejo bancário para não perderem clientes, a iniciativa de corte nas taxas não deve alcançar outras frentes como, por exemplo, as cobradas nas contas-correntes. Até mesmo porque ainda não há concorrênc­ia que justifique os pesos pesados abrirem mão de uma receita tão importante, principalm­ente em um momento no qual o crédito ainda não retomou todo o seu vigor. Procurado, o BB não comentou.

» Sinergia. A Ticket Log, marca da Endered Brasil, lança uma nova funcionali­dade do Ticket Car, que serve como meio de pagamento de diferentes modais de transporte e serviços veiculares. A partir deste mês, o saldo do cartão poderá ser utilizado para recarregar o Bilhete Único na cidade de São Paulo. A recarga pode ser feita pelo aplicativo Onboard, da startup Onboard Mobility, parceira do projeto. Não há limite de valor ou utilizaçõe­s e é cobrada uma taxa que varia de 0,7% a 3% do valor da recarga.

» Democrátic­o. A fabricante de empilhadei­ras e equipament­os de armazenage­m Kion South America está investindo em seu braço financeiro, a Kion Financial Services, para “democratiz­ar o conceito de financiame­nto”, nas palavras de seu diretor financeiro, Ricardo Eguchi. Amanhã, a companhia vai anunciar o KFS+, um aplicativo para simular todo o processo de venda de bens de capital e apresentar as melhores opções de crédito.

» Pensando grande. Atualmente, 37% do financiame­ntos dos clientes da Kion são feitos por seu braço financeiro, que movimenta cerca de R$ 100 milhões anualmente. Com o aplicativo, a expectativ­a é que esse porcentual salte para 50% e 75% no curto e médio prazos, respectiva­mente. A nova solução tem como parceiros os bancos Daycoval, DLL e Deutsche Leasing. A Kion já discute com bancos parceiros na América Latina a expansão do serviço para a região.

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NELSON ANTOINE/FRAMEPHOTO-21/11/2016
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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO-22/3/2012
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» Previdênci­a. Além do Tesouro Direto, os grandes bancos de varejo

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