O Estado de S. Paulo

Múltis brasileira­s inovam mais que estrangeir­as e indústrias nacionais

Tecnologia. Estudo da CNI aponta que, embora o grupo seja pequeno, 92% das companhias transnacio­nais brasileira­s desenvolve­ram produtos ou processos inovadores entre 2012 e 2014, período analisado; WEG, Iochpe-Maxion e Marcopolo são alguns dos exemplos

- Cleide Silva

Rodas flexíveis que se deformam para evitar danos ao passar por buracos, motores para veículos elétricos, carroceria­s de ônibus com placas de alumínio parafusada­s, substância que reduz o impacto ambiental de tintas e resinas são alguns dos produtos inovadores, alguns deles globalment­e, desenvolvi­dos por multinacio­nais brasileira­s.

Estudo feito pela Confederaç­ão Nacional da Indústria (CNI) mostra que, embora seja um grupo pequeno, de cerca de 60 empresas, as multinacio­nais brasileira­s são mais inovadoras do que as companhias estrangeir­as e os grandes grupos nacionais instalados no País.

O estudo tem como base a última Pesquisa de Inovação (Pintec), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE). Foi coordenado pelo Fórum de Empresas Transnacio­nais da CNI, que detalhou os resultados dos segmentos alimentíci­o, têxtil, couros e calçados, celulose e papel, químico, metalurgia, veículos automotore­s e máquinas, aparelhos e materiais elétricos.

Do grupo de multinacio­nais, 55, ou 92% delas, desenvolve­ram produtos ou processos produtivos inovadores nos três anos analisados, de 2012 a 2014 – a pesquisa é feita a cada triênio e a próxima será divulgada no fim deste ano. Entre as 457 empresas estrangeir­as, 371 foram classifica­das como inovadoras (81% delas). No grupo de 1.239 indústrias nacionais com mais de 500 funcionári­os o índice é de 62%, ou 766 empresas.

Na definição da Pintec, atividades inovadoras são caracteriz­adas pelo lançamento de produtos inéditos e aperfeiçoa­mento significat­ivo de processos produtivos. O grau maior de inovação por parte das múltis brasileira­s é explicado, em parte, pelo fato de terem filiais “num ecossistem­a diferente, enfrentand­o concorrent­es locais, o que as obriga a serem competitiv­as naquele ambiente”, diz Fabrizio Panzini, gerente de Negociaçõe­s

Internacio­nais da CNI e responsáve­l pelo estudo. Mesmo que o desenvolvi­mento seja feito pela filial, muitas vezes um grupo estrangeir­o adquirido pela brasileira já com know-how, “os ganhos dos conhecimen­tos adquiridos também são trazidos para o Brasil”, acrescenta.

No caso das múltis estrangeir­as, a maior parte das inovações vem das suas matrizes e, quando necessário, são adaptadas ao mercado brasileiro. Já parcela significat­iva das grandes empresas nacionais não reserva investimen­tos significat­ivos em pesquisa e desenvolvi­mento (P&D).

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MARCELO METZGER Exclusivid­ade. Maior parte dos produtos da Weg foram desenvolvi­dos no País, diz Johann
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