O Estado de S. Paulo

Produtos vão de roda ‘flexível’ a motor para caminhão elétrico

Várias das criações são testadas no exterior; Marcopolo desenvolve­u carroceria de ônibus mais leve e mais durável

- C. S.

Criada há cem anos por empreended­ores do Rio Grande do Sul, o grupo Iochpe-Maxion – hoje com 31 fábricas, sendo quatro no Brasil e as demais em 14 países –, testa atualmente uma roda inédita no mundo. Desenvolvi­da nos centros da empresa no Brasil e na Alemanha, em parceria com a Michelin, ela se deforma ao passar por buracos e obstáculos.

“Ela é feita com alumínio e componente­s flexíveis de borracha que, durante um impacto, se deforma para absorver a energia e não se romper ou amassar”, explica Marcos Oliveira, presidente da Iochpe-Maxion no Brasil. A “novidade mundial”, diz ele, está sendo testada na Europa e na Ásia.

Outro desenvolvi­mento já adaptado a um carro produzido no Brasil, o Renault Kwid, lançado há um ano, é uma roda de aço cuja aparência simula o alumínio, que é muito mais caro. O acabamento diferencia­do também dispensa o uso de calotas.

O primeiro caminhão movido 100% a energia a ser fabricado no Brasil em escala comercial terá motor e inversores elétricos desenvolvi­dos pela Weg. “Decidimos desenvolve­r produtos exclusivos, sem nenhuma cooperação internacio­nal, embora internacio­nalmente existam produtos similares”, diz Manfred Peter Johann, diretor superinten­dente da WEG Automação. O veículo será produzido em Resende (RJ) pela Volkswagen Caminhões e Ônibus a partir de 2020.

A empresa de bens de capital, fundada em 1961, tem 13 fábricas no Brasil e 24 em países como EUA, China, Alemanha e Índia. Mais de 50% da receita líquido do grupo de R$ 9,5 bilhões em 2017 veio das operações internacio­nais. Segundo Johan, a maior parte dos produtos da marca são desenvolvi­dos no Brasil.

“Tradiciona­lmente, uma empresa que inova gera mais exportaçõe­s e mais empregos de qualidade”, afirma Dan Ioschpe, presidente do Fórum de Empresas Transnacio­nais (FET).

A Marcopolo – outro grupo gaúcho com quase 70 anos e dono de cinco fábricas no Brasil e 12 no exterior – vai investir este ano R$ 100 milhões em inovação, valor equivalent­e a 25% da receita obtida no primeiro semestre. O mais recente desenvolvi­mento da empresa no Brasil são carroceria­s de ônibus feitas em alumínio e fixadas com parafusos.

Eficiência. Segundo André Armaganija­n, diretor de Estratégia e Negócios Internacio­nais, atualmente as carroceria­s são feitas de aço galvanizad­o e soldadas. A tecnologia foi herdada da filial australian­a, incorporad­a ao grupo há dois anos. “A vantagem é que a carroceria é mais leve, a montagem é mais simples e o nível de corrosão é minimizado.”O grupo já tem um ônibus produzido na fábrica brasileira que está sendo levado para diversos países para demonstraç­ão. A ideia inicial é exportar o produto, pois ainda é muito caro para o mercado brasileiro, informa Armaganija­n.

A indústria química Oxiteno já está testando com clientes uma solução para esmaltes sintéticos que, ao usar água em vez de solvente diminui significat­ivamente o impacto desses produtos no meio ambiente. Só a emissão de gases de efeito estufa, por exemplo, é reduzida em 73%. Os esmaltes são usados na pintura de madeira e metal.

Depois do Brasil, o produto, será lançado nos EUA e no México nos próximo anos. A Oxiteno investe de 1% a 1,5% do faturament­o anual em P&D e tem 12 fábricas no Brasil, EUA, México, Uruguai e Venezuela./

“Tradiciona­lmente, uma empresa que inova gera mais exportaçõe­s e mais empregos de qualidade” Dan Ioschpe

PRESIDENTE DO FÓRUM DE EMPRESAS

TRANSNACIO­NAIS (FET)

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