Parlamento do Peru alivia crise com voto de confiança
Congresso dominado pela oposição aprovou moção de apoio após ser pressionado por governo a aprovar reformas
O Congresso do Peru concedeu ontem um voto de confiança ao governo do presidente Martín Vizcarra, evitando um choque entre o poder legislativo e o executivo. O embate ameaçava lançar o país em mais uma crise política, cinco meses depois do impeachment do presidente Pedro Pablo Kuczynski.
O parlamento, dominado pela oposição do partido Força Popular, liderado por Keiko Fujimori, concedeu um voto de confiança ao governo por 82 votos contra 22 (com 14 abstenções).
Desde a semana passada, Vizcarra, colocou o Congresso contra a parede ao enviar quatro projetos de reforma constitucional, todos orientados para o combate à corrupção. Com uma popularidade de mais de 60%, Vizcarra pediu o voto de confiança do Parlamento para forçar o legislativo a aprovar os projetos. Ele ameaçou destituir seu gabinete de ministros caso o voto fosse rejeitado. Ele poderia, então, dissolver o Congresso e convocar novas eleições.
O regime político do Peru não segue as normas do presidencialismo clássico e está mais próximo do parlamentarismo. A dissolução do Congresso pelo presidente após voto de confiança está na Constituição.
A aprovação das quatro reformas poderá dar força a Vizcarra, e colocá-lo como principal nome na disputa pela Presidência em 2021. Uma reforma foi aprovada na terça-feira, e afeta o Judiciário. As outras, que devem ser votadas até 4 de outubro, preveem a proibição da reeleição para cargos eletivos, a restituição da bicameralidade do Congresso e a regulação do financiamento de campanhas eleitorais.
O voto de confiança alivia temporariamente as tensões no Peru, mas não resolve a crise política entre o Executivo e o Legislativo.