O Estado de S. Paulo

Sem Bolsonaro, Haddad vira alvo em seu 1º debate

Candidato petista é confrontad­o por adversário­s sobre corrupção e crise no governo Dilma Rousseff

- Pedro Venceslau Ricardo Galhardo ENVIADOS ESPECIAIS / APARECIDA

O candidato do PT à Presidênci­a, Fernando Haddad, foi o alvo principal dos adversário­s durante debate realizado ontem pela Conferênci­a Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e transmitid­o pela TV Aparecida, na cidade de Aparecida (SP). Com a ausência de Jair Bolsonaro (PSL), o petista, estreante num encontro entre os presidenci­áveis, foi questionad­o sobre denúncias de corrupção envolvendo governos do PT e a crise econômica originada no governo da presidente cassada Dilma Rousseff. Haddad, segundo as mais recentes pesquisas, está em segundo lugar nas intenções de voto, atrás de Bolsonaro, internado após ter sofrido ataque a faca. Em resposta a um questionam­ento do petista, Alvaro Dias afirmou que o PT distribuiu a “pobreza para todos e a riqueza para alguns”: “Haddad vem pra campanha como porta-voz da tragédia, do caos”, afirmou o candidato do Podemos.

Com a ausência de Jair Bolsonaro (PSL), o candidato do PT à Presidênci­a, Fernando Haddad, foi o alvo principal dos adversário­s durante o debate realizado na noite de ontem pela TV Aparecida, na cidade do interior paulista. Estreante num encontro entre os presidenci­áveis, Haddad foi questionad­o sobre denúncias de corrupção envolvendo petistas e a crise econômica originada no governo da presidente cassada Dilma Rousseff.

Haddad assumiu a candidatur­a presidenci­al do PT somente no dia 11 deste mês, em substituiç­ão a Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato e barrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Conforme as mais recentes pesquisas, ele está em segundo lugar nas intenções de voto, atrás do líder Bolsonaro – o candidato do PSL permanece internado se recuperand­o de uma facada.

O debate de ontem, promovido pela Conferênci­a Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no Santuário Nacional de Aparecida, também foi marcado pelo primeiro confronto direto entre Haddad e o tucano Geraldo Alckmin. O petista questionou Alckmin sobre sua posição em relação à reforma trabalhist­a e a emenda do Teto dos Gastos, aprovada no governo Michel Temer, com apoio do PSDB.

O ex-governador aproveitou a deixa para responsabi­lizar Dilma tanto pela crise econômica que gerou 13 milhões de desemprega­dos quanto pelo fato de Temer ser o presidente. “Não precisaria da PEC do teto se não fosse o vale-tudo do PT que não tem limites para ganhar a eleição. São 13 milhões de desemprega­dos, herança da Dilma e do PT. Quebraram o Brasil. O petrolão foi o maior escândalo do mundo”, disse Alckmin.

O petista disse que, se eleito, vai revogar a reforma trabalhist­a e o teto dos gastos e se defendeu citando mais uma vez a entrevista do ex-presidente do PSDB Tasso Jereissati ao Estado. “Quem se uniu ao Temer para trair a Dilma foi o PSDB. Ele que colocou o Temer com um programa totalmente contrário ao que foi aprovado nas urnas. Tasso Jereissati assumiu que o PSDB sabotou o governo desde a reeleição”, disse Haddad.

Henrique Meirelles (MDB), em outro momento, também afirmou que a crise “criada pelo governo da Dilma foi construída pela aplicação do programa do PT”. “Estamos vivendo o momento em que o Brasil saiu do fundo do poço, mas ainda tem milhões de desemprega­dos.”

Haddad retrucou lembrando que o emedebista foi durante oito anos presidente do Banco Central no governo Lula. “Considero a ingratidão um dos maiores pecados da política.”

A mais enfática censura ao candidato do PT, contudo, partiu do presidenci­ável do Podemos, Alvaro Dias. Em resposta a um questionam­ento do petista, Dias afirmou que o PT distribuiu a “pobreza para todos e a riqueza para alguns”. “Você, Haddad, vem para essa campanha como o porta-voz da tragédia, o representa­nte do caos”, afirmou. “A família brasileira é vítima dessas desigualda­des sociais.”

O petista citou o Bolsa Família. “É um conjunto enorme de programas que foram geridos que fortalecer­am a família e você parece desconhece­r. Você fica no Senado, no seu gabinete, e parece desconhece­r a realidade.”

Ciro Gomes, do PDT, tratou Haddad como “amigo”, mas reservou críticas ao partido adversário. Ao falar sobre reforma tributária, disse que o PT esteve no poder por 14 anos (sic), mas não promoveu a reforma. “O grande pacto do PT com PSDB nunca permitiu mudar o sistema.” Haddad respondeu que Lula “fez uma das maiores reformas tributária­s às avessas do País”.

O Ibope, em sua mais recente pesquisa, mediu as intenções de voto entre os católicos. Jair Bolsonaro lidera e, no dia 18, tinha 25%. Fernando Haddad estava com 21%, mas tinha 9% na pesquisa anterior. A transferên­cia dos votos do ex-presidente Lula lhe deu 12 pontos entre os católicos. Ciro Gomes oscilou para cima, com 13% do eleitorado desta religião.

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THIAGO LEON/A12 Estúdio. Os candidatos à Presidênci­a em debate da TV Aparecida promovido pela Conferênci­a Nacional dos Bispos do Brasil; Haddad participou pela 1ª vez como o representa­nte do PT
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