O Estado de S. Paulo

Eliane Cantanhêde

Candidato ao Senado no Rio afirma que o presidenci­ável ‘jamais iria autorizar’ o economista Paulo Guedes a falar de CPMF na imprensa

- Constança Rezende / RIO

Enquanto Fernando Haddad reforça que é pau-mandado de Lula, Jair Bolsonaro põe nos seus devidos lugares o vice e Paulo Guedes.

Um dia após a crise aberta no entorno do presidenci­ável Jair Bolsonaro (PSL) pela divulgação da proposta tributária do seu assessor econômico, Paulo Guedes, um dos filhos do candidato ao Planalto, Flávio Bolsonaro, afirmou ontem que a palavra final na campanha é de seu pai.

“Ele é o presidente (sic), mais ninguém”, disse Flávio, que é deputado estadual e concorre ao Senado pelo PSL. O parlamenta­r afirmou que seu pai “jamais iria autorizar (Guedes) a falar na imprensa de CPMF”.

“A palavra final é do meu pai, sempre”, declarou, em rápida entrevista em seu gabinete na Assembleia Legislativ­a do Rio. O Estado o questionou sobre a intenção do economista de unificar impostos em um tributo cobrado nos moldes da CPMF, extinta em 2007. A ideia causou mal-estar no mercado e levou o candidato, internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde se recupera de uma facada, a tuitar que quer reduzir a carga tributária.

A reação de Bolsonaro e as afirmações de Flávio colocam em dúvida o discurso econômico do presidenci­ável. Até então, o candidato dizia nada entender de economia e delegava o assunto a Guedes, a quem chamava de “Posto Ipiranga”, em alusão a uma campanha de publicidad­e. Agora, Bolsonaro mostrou que vai, sim, intervir em assuntos econômicos.

Segundo Flávio, seu pai “ouve muito o Paulo Guedes”. “A palavra final é dele (do presidenci­ável), mas acho que eles chegam num ponto convergent­e, como tem acontecido direto agora”, afirmou. Ele disse também não saber se Guedes e seu pai conversara­m previament­e sobre a proposta tributária apresentad­a pelo economista.

O candidato ao Senado pelo Rio declarou que não fala com Guedes “há um tempão” e que o economista “está sumido”. “Está fazendo as palestras dele.” E minimizou a repercussã­o da proposta de Guedes. “Ele pode falar alguma coisa que é mal interpreta­da; ele explica que não é aquilo, e vocês continuam acatando o negócio”, disse.

O incidente levou Bolsonaro pai a pedir que Guedes e também a seu candidato a vice, general da reserva Hamilton Mourão (PRTB), reduzissem suas atividades eleitorais. Mourão causou constrangi­mento por declaraçõe­s polêmicas.

Máscara. Durante rápida passagem por seu gabinete à tarde, Flávio recebeu um grupo de admiradore­s que lhe entregou uma máscara de borracha em tamanho real da cabeça de seu pai. Chegou a ensaiar vesti-la, mas desistiu. “O olho está todo branco, parece mórbida”, afirmou, rindo. A cena foi filmada por admiradore­s da família Bolsonaro que estavam no ambiente do deputado.

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CONSTANÇA REZENDE/ESTADÃO Presente. Flávio Bolsonaro segura máscara do pai, que ganhou de admiradore­s

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