O Estado de S. Paulo

PT na mira em debate sem graça

- Murillo de Aragão e Carlos Eduardo Borestein

Em seu primeiro debate como candidato ao Palácio do Planalto, Fernando Haddad (PT) se mostrou pouco à vontade. Parece ter “sentido” a responsabi­lidade do debate. Ainda não se despiu do figurino de candidato “laranja”. Ele adotou uma abordagem saudosa, explorando a nostalgia de uma parcela do eleitorado com a Era Lula. Foi um discurso para a base social petista, batendo em medidas aprovadas pelo governo Temer como a reforma trabalhist­a e o Teto de Gastos, além de se referir de forma pejorativa ao mercado financeiro citando criticamen­te “os banqueiros da Faria Lima”.

Apesar de parecer um pouco triste, Geraldo Alckmin (PSDB) se destacou mais que em debates anteriores. Diante da ausência de Jair Bolsonaro (PSL), partiu para o ataque contra o PT. Chamou atenção no debate a mudança de posicionam­ento de Ciro Gomes (PDT). Prejudicad­o nas pesquisas a partir da transferên­cia de votos de Lula para Haddad, Ciro buscou se postar mais ao centro e com um perfil atipicamen­te moderado.

Henrique Meirelles (MDB) voltou a enaltecer a sua competênci­a na condução da economia. Mas, excessivam­ente professora­l, parecia ser um candidato de país do primeiro mundo. Alvaro Dias (Podemos) e Guilherme Boulos (PSOL) seguem com o mesmo discurso. Dias fala como se estivesse no plenário do Senado e para ele mesmo. Boulos segue o receituári­o da esquerda raivosa dos anos 1980.

Embora não tenha havido nenhum grande vencedor ou perdedor, Haddad se desgastou com a lembrança contundent­e feita pelos adversário­s da herança negativa de Dilma. Algumas vezes, pareceu confuso. Alckmin, ainda que mais assertivo, continua com um discurso de difícil compreensã­o. Ausente do debate, Bolsonaro ficou no lucro.

✽ CIENTISTAS POLÍTICOS DA ARKO ADVICE PESQUISAS E ANÁLISE POLÍTICA

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil