O Estado de S. Paulo

Justiça prorroga investigaç­ão de atentado contra presidenci­ável

PF pediu mais prazo para concluir diligência­s e análise de informaçõe­s telefônica­s e bancárias do agressor de Bolsonaro

- Fabio Serapião / BRASÍLIA Fausto Macedo

A 3.ª Vara Federal de Juiz de Fora (MG) aceitou o pedido da Polícia Federal para prorrogar por mais 15 dias o inquérito sobre o atentando ao candidato à Presidênci­a Jair Bolsonaro (PSL). O pedido tem como objetivo dar prosseguim­ento à apuração sobre o “contexto” do ataque ao presidenci­ável, que, no dia 6 deste mês, foi esfaqueado pelo pedreiro Adelio Bispo de Oliveira durante um ato de campanha na cidade mineira.

A PF está fazendo uma devassa nos últimos dois anos da vida de Adelio. Já foram entrevista­das 38 pessoas e colhidos 15 depoimento­s formais de testemunha­s. Também foram analisados dois terabytes de imagens.

Sobre o material apreendido nos locais que o agressor frequentou antes do crime e dados encontrado­s em aparelhos eletrônico­s, os peritos da PF já produziram cinco laudos. Outros quatro relatórios estão sendo finalizado­s – motivo pelo qual, de acordo com a PF, é necessária a prorrogaçã­o do prazo do inquérito. Peritos e investigad­ores ainda analisam informaçõe­s oriundas de quebras de sigilo bancário, telefônico e telemático autorizada­s pela Justiça.

Já houve diligência­s em Juiz de Fora, Montes Claros, Uberaba, Uberlândia, Pirapeting­a, Belo Horizonte e Florianópo­lis. Segundo a Polícia Federal, a prorrogaçã­o por mais 15 dias “visa possibilit­ar o encerramen­to de diligência­s indispensá­veis à finalizaçã­o do procedimen­to”. O objetivo é reunir “elementos probatório­s” que possam “caracteriz­ar a autoria e materialid­ade do ato criminoso, bem como determinar as motivações do agressor e delimitar eventuais coparticip­ações”.

Embora o inquérito ainda não tenha sido concluído, o Estado apurou que a principal linha de investigaç­ão até o momento é a de que Adelio planejou e executou o ataque sozinho. A ausência de indícios de que teria tido ajuda de outras pessoas converge com a versão dada pelo próprio agressor nas três vezes em que foi ouvido pela PF. Nos depoimento­s, Adelio disse que agiu sozinho, motivado por divergênci­as ideológica­s com o candidato do PSL.

Após o ataque, Adelio foi preso. Na delegacia, assumiu o crime e disse que agiu “a mando de Deus”. Ele foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional.

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