O Estado de S. Paulo

Procurador interroga ex-advogado de Trump

Michael Cohen estaria ajudando equipe que investiga influência russa na eleição de 2016

- Beatriz Bulla CORRESPOND­ENTE / WASHINGTON

O ex-advogado do presidente americano Donald Trump, Michael Cohen, prestou horas de depoimento à equipe de investigaç­ão do procurador especial Robert Mueller. A informação sobre a cooperação de Cohen foi revelada na tarde de ontem pela rede de TV ABC News e confirmada pela CNN e pelo New York Times, ganhando grande repercussã­o nos principais meios de comunicaçã­o dos EUA.

Mueller foi escolhido para investigar o possível conluio entre a campanha republican­a e agentes russos durante a eleição de 2016, que elegeu Donald Trump. Cohen é considerad­o um personagem central no caso em razão de sua proximidad­e com o presidente. Segundo a ABC News, o ex-advogado de Trump participou de “múltiplas sessões de entrevista­s” que duraram horas ao longo de setembro.

Em agosto, Cohen admitiu a culpa em acordo com investigad­ores e confessou ter feito pagamentos ilegais para silenciar a atriz pornô Stormy Daniels e a ex-modelo da Playboy Karen McDougal, durante o período eleitoral, para evitar que elas revelassem casos extraconju­gais com Trump.

Na confissão, Cohen admitiu também ter cometido crimes de evasão fiscal, mas não mencionou no acordo, pelas informaçõe­s que vieram à público, os nomes das mulheres a quem fez pagamentos ou o nome de Trump.

De acordo com a ABC News, com base em fontes ligadas à investigaç­ão, Cohen foi questionad­o a respeito das relações de Trump com a Rússia – incluindo negócios do presidente americano e possível interferên­cia dos russos em favor do republican­o nas eleições presidenci­ais.

Segundo a CNN, ele também estaria disposto a dar informaçõe­s sobre os impostos de Trump, um segredo até então

bem guardado pelos contadores do presidente.

Ainda de acordo com a rede de TV, os investigad­ores da equipe de Mueller perguntara­m se o presidente tratou com ele a respeito da possibilid­ade de um indulto – o que poderia ser considerad­o obstrução de justiça.

Cerco. A ABC News não divulgou informaçõe­s sobre as respostas de Cohen aos questionam­entos. Trump tem negado a existência de conluio com os russos para interferir nas eleições ou tentativas de obstrução de justiça. Os depoimento­s do ex-advogado de Trump acontecera­m em Nova York e em Washington de forma voluntária.

Cohen atuou como advogado de Trump no período em que o magnata era empresário e continuou como seu conselheir­o após as eleições. Entre especialis­tas, a avaliação é a de que Cohen tem mais informaçõe­s sobre Trump do que o ex-chefe de campanha, Paul Manafort, quem também assinou um acordo com os investigad­ores na última semana.

As especulaçõ­es sobre o depoimento do ex-advogado são grandes na imprensa americana. À CNN, John Dean, ex-conselheir­o da Casa Branca na época do escândalo de Watergate, que derrubou o presidente Richard Nixon, avaliou que o fato de os investigad­ores ouvirem Cohen por tantas horas é um indicativo de que “ele deve ter entregado novas informaçõe­s”.

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CRAIG RUTTLE/AP Língua solta. Michael Cohen, ex-advogado de Trump: cooperação com investigaç­ão sobre influência russa na eleição

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