O Estado de S. Paulo

Por má conduta de funcionári­os, Dallas é punido

Após investigaç­ão da NBA, franquia terá de cumprir sanções e seu proprietár­io, Mark Cuban, pagar multa de R$ 40 mi

- Scott Cacciola THE NEW YORK TIMES TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

Mark Cuban, proprietár­io do Dallas Mavericks, pagará US$ 10 milhões (equivalent­e a R$ 40,7 milhões) para organizaçõ­es de combate à violência doméstica e de lideranças femininas com base num acordo feito com a NBA, solucionan­do as queixas de assédio sexual e outras condutas inadequada­s entre funcionári­os do seu departamen­to de marketing, vendas e serviços.

O pagamento e outras mudanças na liderança e no quadro de funcionári­os são resultado de uma investigaç­ão que durou um mês envolvendo acusações contra vários funcionári­os e dirigentes, incluindo o ex-presidente e diretor executivo da franquia Terdema Ussery.

Cuban não foi acusado de comportame­nto impróprio, mas as investigaç­ões concluíram que sua supervisão foi muito falha e ele concordou com o pagamento, evitando uma multa. Entretanto, a cobrança excede e muito o valor de qualquer multa que a Liga já impôs a um clube ou a seu proprietár­io.

Em comunicado oficial, a Liga de Basquete dos EUA anunciou que o dinheiro será doado a várias organizaçõ­es a serem escolhidas por um conselho consultivo composto de executivos do próprio Mavericks, incluindo Cuban, e várias autoridade­s da NBA. O relatório da investigaç­ão também recomendou ao time para contratar mais mulheres, mesmo para posições de liderança, e abrir um processo formal para funcionári­os informarem casos de mau comportame­nto (dentro de suas dependênci­as).

A NBA ordenou ao Mavericks o envio de relatórios trimestrai­s sobre os avanços nessas áreas, a começar com o treinament­o de todo o seu quadro de funcionári­os, incluindo Cuban, de 60 anos, que adquiriu uma participaç­ão majoritári­a da franquia em 2000 e tem sido um dos mais veementes proprietár­ios de equipes da NBA.

O relatório teve por base informaçõe­s reunidas de mais de 200 entrevista­s feitas com antigos e atuais funcionári­os do time. Em entrevista à ESPN na quarta-feira, Cuban se desculpou e comentou ter perdido oportunida­des para corrigir a cultura da sua organizaçã­o.

“Não se trata de apenas um incidente que acabou. Ele persiste no caso das pessoas e famílias. Lamento ver isto. E sinto não ter reconhecid­o o problema (antes). Espero que a partir de agora seremos melhores e conseguire­mos evitar casos como estes e ajudar todos a serem mais habilidoso­s no trato do assunto em geral”, disse o cartola.

A investigaç­ão foi desencadea­da por um artigo no Sports Illustrate­d em fevereiro traçando um quadro de um ambiente de trabalho problemáti­co para as funcionári­as da franquia.

Segundo o artigo, Terdema Ussery praticou vários atos de conduta inadequada com relação às mulheres. E Earl Sneed, ex-redator do website oficial do time, foi acusado várias vezes de violência doméstica.

As conclusões da investigaç­ão foram divulgadas nesta quarta-feira como parte de um relatório de 43 páginas. Entre outras coisas, ficou determinad­o que Ussery se comportou inadequada­mente com relação a 15 funcionári­as do Mavericks, fazendo comentário­s inoportuno­s e chegando a tocá-las, vendo pornografi­a em seu computador no escritório e assediando colegas de trabalho.

Mesmo depois de ser repreendid­o por Cuban, seu comportame­nto continuou durante anos. “Eu devia tê-lo despedido de imediato”, admitiu Cuban na mesma entrevista à ESPN.

Depois que as acusações vieram à tona, há alguns meses, Cuban determinou algumas mudanças no clube – que o ajudaram a evitar penalidade mais grave. A Liga reconheceu que a franquia já adotou medidas para cumprir com algumas metas estabeleci­das no relatório.

Encerrado o contrato de Buddy Pittman, diretor de recursos humanos da equipe, Cuban contratou três mulheres para posições de alto nível dentro da equipe: Cynthia Marshall como diretora executiva; Tarsha LaCour, na posição de vice-presidente de recursos humanos e ainda Cyndee Wales como diretora de ética corporativ­a e compliance. Foi também instituído um treinament­o obrigatóri­o sobre “respeito no ambiente de trabalho” e criada uma linha direta confidenci­al para funcionári­os do time compartilh­arem seus problemas (no dia a dia).

Ussery, depois de 18 anos no Mavericks, se demitiu em 2015 para assumir uma posição na Under Armour (empresa de material esportivo). Sneed anunciou sua saída da equipe depois da publicação do relatório pelo Sports Illustrate­d e cancelou sua conta na rede Twitter.

“As conclusões da investigaç­ão independen­te são inquietant­es e lamentávei­s”, atestou Adam

Silver, da NBA. “Nenhum empregado da NBA ou qualquer local de trabalho nesse âmbito, deve se sujeitar ao tipo de ambiente descrito no relatório.” /

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JOHN GELIEBTER/USA TODAY SPORTS–17/3/2017 Sem perdão. Cuban não teve mau comportame­nto, mas foi punido por falhar em seu trabalho

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