Marin tenta liberar milhões para pagar advogados
Ex-presidente da CBF, preso nos EUA, pediu à Justiça que desbloqueie parte seu dinheiro, que iria para seus defensores
Os advogados do ex-presidente da CBF José Maria Marin pediram à Justiça americana que permita o desbloqueio de alguns milhões de dólares para que o ex-cartola possa pagar seus advogados e, assim, financiar seu recurso nos tribunais dos EUA. Em agosto, ele foi condenado a 48 meses de prisão por envolvimento em vários crimes ligados ao futebol.
Numa carta à corte de Nova York, os representantes do exdirigente brasileiro pedem que a Justiça “exonere os bonds de Marin e liberem a porção de dinheiro para permitir que ele financie sua defesa”.
Em novembro de 2015, quando Marin foi extraditado da Suíça para os Estados Unidos, a corte permitiu a ele que aguardasse sua sentença em liberdade, com a condição de que depositasse uma fiança de US$ 15 milhões (cerca de R$ 61 milhões pelo câmbio atual). Desse total, US$ 2 milhões (R$ 8,1 milhões) viriam de garantias bancárias e US$ 1 milhão (R$ 4,07 milhões) em espécie.
A promotoria americana estima, porém, que a fortuna do expresidente da CBF seria bem maior do que o valor que ele tem bloqueado. “Marin tem uma fortuna individual de mais de US$ 14 milhões (R$ 57 milhões) e não está em questão se tem a capacidade de pagar a multa’’, disse a promotoria, antes mesmo de sua condenação.
No último mês de agosto, a juíza Pamela Chen, da Corte Federal do Brooklyn, condenou Marin à prisão pelos crimes cometidos na época em que foi presidente da CBF, de 2012 a 2015 Ele foi acusado de participar de um esquema de corrupção internacional que resultou no pagamento de US$ 154 milhões (R$ 626,7 milhões) em suborno envolvendo torneios como Copa do Brasil, Copa América e Libertadores.
Por já ter cumprido 13 meses da sentença de quatro anos na Suíça e Estados Unidos e por ter bom comportamento, sua pena final, na prática, será reduzida para 28 meses de prisão.
Chen determinou também multa total de US$ 1,2 milhão (R$ 4.88 milhões), que será paga em seis parcelas, sendo a primeira seis meses depois de 20 de novembro, quando será publicada a sentença. José Maria Marin também será confiscado em US$ 3,35 milhões (R$ 13,6 milhões) por ter participado do esquema de propinas pelo qual teria recebido US$ 10 milhões (R$ 40,7 milhões).
Os advogados vão recorrer da condenação. A estratégia de defesa é recorrer à Corte de Apelação e, ao mesmo tempo, pedir que Marin aguarde a decisão em prisão domiciliar, valendose do fato de possuir apartamento em Nova York e de ter demonstrado, entre 2015 e 2017, que não existiria risco de fuga.
O objetivo é prolongar ao máximo uma decisão final, garantindo ao brasileiro mais tempo em sua própria residência..
O Estado apurou com pessoas próximas a Marin que sua idade é um fator que tem pesado. A segregação teria deixado sequelas em um homem de 86 anos. Ele tem recorrido ao serviço de saúde da prisão nas proximidades de Nova York onde cumpra a pena e tem sido medicado, por causa de seus problemas de hipertensão arterial.