O Estado de S. Paulo

País criou mais de 100 mil vagas em agosto, diz Temer

Dado oficial do emprego formal sai hoje, mas presidente antecipou pelo Twitter; número está bem acima das expectativ­as do mercado

- BRASÍLIA /FERNANDO NAKAGAWA, JULIA LINDNER, TÂNIA MONTEIRO E MARIA REGINA SILVA

A geração de empregos voltou a ganhar força em agosto. Dados preliminar­es do Ministério do Trabalho indicam que foram criadas mais de 100 mil vagas com carteira assinada no mês passado, mais que o dobro dos 47,3 mil postos registrado­s em julho. O número será divulgado oficialmen­te hoje, mas o presidente Michel Temer antecipou a informação após recebê-la, na tarde de ontem.

“Fui informado que o País criou mais de 100 mil empregos com carteira assinada em agosto. Isto é prova que o Brasil está no rumo certo. Em plena recuperaçã­o”, escreveu Temer no Twitter. Um ano antes, em agosto de 2017, o Cadastro Geral de Empregados e Desemprega­dos (Caged) ainda mostrava contração do mercado de trabalho com fechamento de 33,9 mil empregos. Os 100 mil empregos divulgados pelo presidente indicam o melhor resultado para o mês pelo menos desde 2014, quando foram gerados 101,4 mil empregos.

A informação antecipada por Temer ocorreu no mesmo dia em que estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) registrou que o estado de desalento dos desemprega­dos atingiu recorde. Nessa situação, os desocupado­s simplesmen­te desistem de procurar emprego diante das condições desfavoráv­eis do mercado de trabalho.

Analistas explicam que agosto é, tradiciona­lmente, melhor para o mercado de trabalho que os meses anteriores. Isso ocorre porque começam as contrataçõ­es temporária­s, especialme­nte na indústria, para o aumento da produção voltada ao fim do ano. Não há detalhes sobre quais setores lideraram a contrataçã­o no mês passado, mas alguns economista­s avaliam que essa força do emprego poderá ser temporária.

“É sazonal. Historicam­ente, tende a crescer para atender à demanda de fim de ano. Porém, a tendência ainda é de fraqueza. Não tem como, pois a economia está fraca”, avalia o economista-chefe da SulAmérica Investimen­tos, Newton Camargo Rosa, que esperava 55 mil novos empregos no mês passado.

A antecipaçã­o do resultado do Caged surgiu em meio ao esforço de Temer em tentar defender o fim de seu governo enquanto todas as atenções estão voltadas à corrida eleitoral.

Nessa estratégia, o Palácio do Planalto comemora o dado que surpreende­u e mostrou ritmo superior às previsões mais otimistas. Pesquisa realizada pelo Projeções Broadcast com 20 instituiçõ­es financeira­s indicava expectativ­a de criação de 59,9 mil empregos no mês. Entre as previsões listadas, a melhor era de 88,3 mil vagas com carteira assinada.

A percepção de que, apesar de melhor que o esperado, o dado é insuficien­te para gerar otimismo é que outros indicadore­s da indústria não mostram muito vigor. Nesta semana, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou que empresas paulistas fecharam 2,5 mil empregos formais em agosto.

Procurado, o Ministério do Trabalho não confirmou os números divulgados por Temer e informou que o indicador deve ser divulgado hoje.

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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO - 12/6/2018 Trabalho. Apesar de melhor que o esperado, geração de vagas formais ainda é insuficien­te

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