Setor retoma o caminho DO CRESCIMENTO
Ainda não é possível dizer que metalúrgicas e siderúrgicas retomaram o ritmo de 2013, mas os resultados começam a mudar
Depois de alguns anos de resultados negativos, o setor de metalurgia e siderurgia está reencontrando o caminho do crescimento. Os porcentuais, de 2017 e previstos para este ano, ainda estão longe dos apresentados em 2013, melhor ano da história do segmento, mas já é possível perceber uma retomada. Um balanço divulgado pelo Instituto Aço Brasil no fim de julho mostra que, somente no primeiro semestre de 2018, as vendas internas avançaram 9,9%. No período, a produção brasileira de aço foi de 17,2 milhões de toneladas – incremento de 2,9% sobre o ano passado. Para o presidente executivo da instituição, Marco Polo de Mello Lopes, esses porcentuais ainda não representam aumento de competitividade das empresas locais. “O crescimento ocorreu por conta da base extremamente deprimida de 2017. O setor opera hoje com 68% da capacidade e, para se tornar competitivo, esse índice deveria estar em torno de 80%”, afirma, lembrando que a indústria tem buscado o aumento das exportações para ampliar a utilização de sua capacidade instalada.
Lopes revela que havia, sim, uma expectativa de melhora em 2018 e que ela chegou a ocorrer no primeiro trimestre do ano. Mas aí veio a greve dos caminhoneiros, que causou um impacto anual de cerca de R$ 3 bilhões, levando em conta os prejuízos dos dias parados, o reajuste das tabelas de frete e as isenções fiscais concedidas pelo governo para a categoria. “Ainda assim, devemos fechar este ano com crescimento”, diz.
As previsões da entidade são de um aumento nas vendas de aço de 5% em 2018, totalizando um volume de 17,7 milhões de toneladas. A produção deve avançar 4,3% em relação a 2017, o consumo aparente deve subir 4,9% ao mesmo tempo que as exportações podem cair 0,6%.
CUIDADOS
O crescimento, no entanto, não afasta outros problemas enfrentados pelo setor. O vice-presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil, Sergio Leite de Andra- de, lembra que um dos pontos significativos do atual momento é o excesso de capacidade global de produção, que hoje ultrapassa 545 milhões de toneladas (280 milhões somente na China).”
Outro fator importante tem sido a guerra comercial, que começa com o excesso de produção e chega aos subsídios dados pela China à sua produção. O governo dos Estados Unidos comprou a briga e estabeleceu uma sobretaxa de 25% para o aço importado, deixando para negociações posteriores cotas de exportação para alguns países, incluindo aí o Brasil. A medida, segundo Andrade, também afetou as projeções do setor para este ano, uma vez que outros mercados devem se fechar em resposta à decisão americana. “Na América Latina não há salvaguardas nem movimento algum nesse sentido. Nós somos contra o protecionismo, mas defendemos a isonomia. O Brasil poderá ser liberal em um mundo protecionista?”, questiona.
Por causa dessas questões e das indefinições políticas internas, a entidade prefere não fazer previsões para 2019.
A produção de aço deve aumentar 4,3% em relação a 2017, o consumo aparente deve subir 4,9% ao mesmo tempo que as exportações podem cair 0,6%