O Estado de S. Paulo

Lula sabia de esquema na Petrobrás, diz Palocci

Em depoimento à PF, ex-ministro detalhou o loteamento de cargos e o esquema de arrecadaçã­o para campanhas de Dilma Rousseff

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O ex-ministro Antonio Palocci afirmou em depoimento à Polícia Federal, em abril, que o ex-presidente Lula sabia, desde 2007, do esquema de corrupção da Petrobrás descoberto pela Operação Lava Jato. No termo de acordo de colaboraçã­o premiada, tornado público pelo juiz Sérgio Moro, Palocci detalha o suposto envolvimen­to de Lula com o loteamento de cargos na estatal feito para captar recursos ilícitos para campanhas

Das mil MPs editadas nos governos do PT, em pelo menos novecentas houve tradução de emendas exóticas em propina”

SOBRE MEDIDAS PROVISÓRIA­S

do PT e de partidos aliados de 2003 a 2014, durante os governos Lula e Dilma Rousseff. Segundo Palocci, as campanhas presidenci­ais de Dilma Rousseff, em 2010 e 2014, custaram R$ 1,4

Havia um interesse social e um interesse corrupto com a nacionaliz­ação e o desenvolvi­mento do pré-sal”

SOBRE RELAÇÃO GOVERNO-PETROBRÁS

bilhão. No TSE, foram declarados R$ 350 milhões. A defesa de Lula disse que a conduta de Moro “apenas reforça o caráter político dos processos e da condenação injusta”.

Oex-ministro Antonio Palocci afirmou em depoimento à Polícia Federal que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia, desde 2007, do esquema de corrupção na Petrobrás desmantela­do pela Operação Lava Jato. No primeiro termo tornado público de seu acordo de colaboraçã­o premiada – firmado com a Polícia Federal e homologado pelo desembarga­dor João Pedro Gebran Neto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região –, Palocci acusa Lula de envolvimen­to com o loteamento de cargos na estatal de 2003 a 2014, durante sua gestão e a da presidente cassada Dilma Rousseff. O sigilo foi levantado pelo juiz Sérgio Moro em uma das ações penais da Lava Jato na qual Lula é réu.

Segundo o ex-ministro – que foi um dos mais poderosos auxiliares do ex-presidente –, a distribuiç­ão de diretorias da petrolífer­a tinha como objetivo captar recursos ilícitos para campanhas do PT e de partidos aliados. Conforme a delação, as campanhas presidenci­ais de Dilma em 2010 e 2014 custaram R$ 600 milhões e R$ 800 milhões, respectiva­mente. O valor somado supera em quase três vezes o oficialmen­te declarado ao Tribunal Superior Eleitoral – aproximada­mente R$ 500 milhões nas duas disputas.

Palocci relatou ainda a “venda” de medidas provisória­s nos governos petistas e implicou também o ex-presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, atualmente coordenado­r da campanha de Fernando Haddad (PT) à Presidênci­a da República.

O ex-ministro diz na colaboraçã­o que o presidente Michel Temer foi um dos emedebista­s que indicaram Jorge Zelada, que está preso, para a diretoria da estatal. O Palácio do Planalto diz que a indicação foi do PMDB (atual MDB) de Minas. A defesa de Lula, o PT e Dilma afirmaram que Palocci mentiu. Gabrielli não se manifestou.

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