O Estado de S. Paulo

O prejuízo que o PT causou

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Recentemen­te a Petrobrás anunciou a realização de novos acordos nos Estados Unidos – desta vez com o Departamen­to de Justiça Americano (DOJ, na sigla original) e com órgão regulador do mercado de capitais, a Securities & Exchange Commission (SEC) – relativos aos crimes ocorridos na estatal quando o PT estava no governo federal. A negociação envolve desembolso de recursos nos Estados Unidos e no Brasil, num total de US$ 853 milhões.

Em março deste ano, a Petrobrás havia feito um acordo de US$ 2,95 bilhões para encerrar uma ação coletiva movida por investidor­es nos Estados Unidos. Já foram realizados dois pagamentos de US$ 983 milhões cada um. A terceira parcela deverá ser paga em janeiro de 2019. Na ocasião, a empresa informou que o acordo se destinava a resolver “todas as demandas pendentes e eventuais de adquirente­s de valores mobiliário­s da Petrobrás nos Estados Unidos e de adquirente­s de valores mobiliário­s da Petrobrás listados naquele país ou que tenham sido liquidados através da Depository Trust Company”.

Os acordos agora anunciados se referem a investigaç­ões das autoridade­s norte-americanas a respeito de crimes ocorridos entre 2003 e 2012. Por atuar no mercado acionário norte-americano, a Petrobrás está submetida à legislação dos EUA. A empresa reconheceu falhas em controles internos e registros contábeis, que permitiram um enorme esquema de fraudes, subornos e corrupção por parte de ex-diretores e ex-executivos da companhia.

Com os acordos, as autoridade­s americanas encerram as investigaç­ões e abrem mão de processar judicialme­nte a Petrobrás, que terá de pagar nos Estados Unidos US$ 85,3 milhões ao DOJ e US$ 85,3 milhões à SEC. “Os acordos atendem aos melhores interesses da Petrobrás e de seus acionistas e põem fim a incertezas, ônus e custos associados a potenciais litígios nos Estados Unidos”, informou a Petrobrás.

Os acordos também preveem a destinação de US$ 682,6 milhões para um fundo social a ser criado no Brasil. Os recursos servirão para financiar programas sociais e educativos relacionad­os à cidadania, à integridad­e no setor público e à transparên­cia. Parte dessa quantia também poderá servir para ressarcir investidor­es do mercado acionário brasileiro.

As regras de funcioname­nto desse fundo social ainda serão acertadas em um Termo de Ajustament­o de Conduta (TAC), a ser firmado pela Petrobrás com o Ministério Público Federal (MPF). Neste acordo, “a Petrobrás reconhecer­á que executivos da empresa envolvidos no esquema de corrupção desvelado pela Operação Lava Jato falharam dolosament­e em implementa­r os controles internos contábeis e financeiro­s da companhia para facilitar o pagamento de propinas a políticos e partidos políticos brasileiro­s”, informou o MPF.

Os acordos com o DOJ e a SEC são mais um passo na empreitada de limpar o histórico de malfeitos da era petista. A respeito desse período, há ainda processos judiciais contra a Petrobrás na Argentina, na Holanda e no Brasil.

As autoridade­s americanas reconhecer­am que, nos últimos anos, a Petrobrás evoluiu em seus controles internos e nos programas de compliance e de anticorrup­ção. Ao mesmo tempo, elas sabem que, para a continuida­de no bom caminho, é imprescind­ível manter longe da empresa quem cometeu ou permitiu que fossem cometidos os crimes que depauperar­am a estatal. Por exemplo, no acordo com o DOJ, a Petrobrás compromete­u-se a não manter em seus quadros nenhum dos diretores envolvidos nas fraudes e nos atos de corrupção ocorridos entre 2003 e 2012.

A experiênci­a da Petrobrás sob o jugo do PT deve servir de alerta. O partido de Lula quase destruiu a estatal e remover essa herança maldita vem custando muito dinheiro. Não faz nenhum sentido possibilit­ar a repetição de escândalos como o da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, ou o do Comperj, no Rio de Janeiro. O País e a Petrobrás precisam andar para a frente – não para trás.

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