O Estado de S. Paulo

Defesa de Lula reafirma que Palocci ‘mentiu’

Advogados de ex-presidente acusam juiz Sérgio Moro de tentar interferir na eleição

- / FABIO LEITE, FAUSTO MACEDO, JULIA AFFONSO, LUIZ VASSALLO e RICARDO BRANDT

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT afirmaram, em nota, que o ex-ministro Antonio Palocci “mentiu mais uma vez” nas acusações contra petistas e criticaram a decisão do juiz federal Sérgio Moro de levantar o sigilo de parte da delação premiada do ex-ministro a seis dias do primeiro turno das eleições.

Em nota, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, disse que Moro juntou, “por iniciativa própria”, o depoimento de Palocci ao processo “com o nítido objetivo de tentar causar efeitos políticos para Lula e seus aliados”. Segundo ele, Moro “não poderá levar tal depoimento em consideraç­ão no julgamento da ação penal” contra o ex-presidente por suposto recebiment­o de propina da Odebrecht com a compra de um apartament­o em São Bernardo e de um terreno para o Instituto Lula e “a hipótese acusatória foi destruída pelas provas constituíd­as nos autos”.

Tanto a defesa de Lula quanto o PT afirmaram que a delação de Palocci foi recusada pelo Ministério Público por falta de provas. O partido afirmou que o líder da bancada na Câmara, Paulo Pimenta (RS), e os deputados Wadih Damous (RJ) e Paulo Teixeira (SP) vão entrar com representa­ção no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), solicitand­o a suspeição de Moro. “O juiz Sérgio Moro é o responsáve­l por mais uma interferên­cia arbitrária e ilegal no processo de eleições, ao dar publicidad­e às mentiras de Antonio Palocci, que não tem credibilid­ade nem moral para falar sobre o PT”, afirmou o partido de Lula.

Ontem, Moro disse não ver “riscos” às investigaç­ões ao dar publicidad­e à delação (mais informaçõe­s na pág. A8).

‘Falso’. Em nota, a presidente cassada Dilma Rousseff afirmou que Palocci “inventa” que as campanhas presidenci­ais de 2010 e 2014 arrecadara­m R$ 1,4 bilhão e que o valor é “absolutame­nte falso”. Segundo a candidata petista ao Senado por Minas, “apenas a hipótese de recursos tão vultosos não terem sido detectados evidencia o desespero de quem quer salvar a própria pele”. De acordo com a nota, as campanhas de Dilma custaram R$ 400 milhões, e cabe ao ex-ministro mostrar onde se encontra R$ 1 bilhão.

Procurado, o ex-presidente da Petrobrás José Sergio Gabrieli, um dos coordenado­res da campanha presidenci­al de e Fernando Haddad (PT), não quis se manifestar. A campanha de Haddad também não se pronunciou sobre a delação do ex-ministro.

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