O Estado de S. Paulo

Ex-ministro acusa amigo de Marinho

- Fabio Leite

O sindicalis­ta Wilson Santarosa, ex-gerente executivo de Comunicaçã­o Institucio­nal da Petrobrás, operou um esquema que desviava cerca de 3% dos valores dos contratos de publicidad­e e marketing da estatal para o PT, segundo o ex-ministro Antonio Palocci. A acusação foi feita em delação premiada cujo trecho foi divulgado ontem pela Polícia Federal.

Santarosa é amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, segundo Palocci, era ligado ao também sindicalis­ta e atual candidato do PT ao governo de São Paulo, Luiz Marinho, e ao ex-prefeito de Campinas e ex-presidente do Sindicatos dos Petroleiro­s Jacó Bittar. Santarosa comandou o setor de publicidad­e da Petrobrás entre 2003, primeiro ano do primeiro governo Lula, e março de 2015, início do segundo mandato de Dilma Rousseff.

O depoimento foi concedido em 13 de abril. Apenas o primeiro termo da delação premiada teve o sigilo levantado pelo juiz Sérgio Moro. O ex-ministro está preso em Curitiba desde setembro de 2016 e já foi condenado a 12 anos 2 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Segundo Palocci, os recursos desviados dos contratos de publicidad­e da Petrobrás eram repassados aos tesoureiro­s do PT, como Delúbio Soares e João Vaccari. Aos investigad­ores, o ex-ministro disse acreditar que Santarosa direcionav­a os recursos ilícitos para o partido, sem ficar com parte do dinheiro para si.

O ex-gerente era responsáve­l pela verba de patrocínio e publicidad­e da estatal, cujo orçamento era superior a R$ 1 bilhão, e também ocupou a presidênci­a do Conselho Deliberati­vo da Petros, fundo de previdênci­a da estatal.

Santarosa já foi acusado de envolvimen­to em um esquema de fabricação de dossiês contra políticos tucanos, nas eleições de 2006. A distribuiç­ão de patrocínio­s da estatal também foi questionad­a em relatório da Controlado­ria-Geral da União (CGU) de 2009. O texto indicava irregulari­dades no repasses a ONGs e favorecime­nto partidário.

Em nota, a assessoria de Marinho disse que ele conhece Santarosa, mas que “nunca o indicou a cargo na Petrobrás ou a qualquer outro”. A reportagem não conseguiu localizar Santarosa e Bittar.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil