País enfrenta o caos após terremoto e tsunami.
Presos fogem, lojas são saqueadas e governo pede ajuda após tragédia que matou 844
O governo indonésio pediu ajuda internacional ontem para lidar com os efeitos do terremoto seguido de tsunami que atingiu a Ilha de Celebes, na sexta-feira, e causou pelo menos 844 mortes. Segundo autoridades, centenas de pessoas podem estar presas nos escombros.
Quatro dias após a tragédia, a região está imersa no caos. Os hospitais não conseguem atender todos os feridos – muitos estão sendo medicados ao ar livre – e as equipes de resgate estão com dificuldades para trabalhar. “Estamos tendo problemas para enviar o maquinário pesado para encontrar vítimas sob os escombros, pois várias das estradas que levam a Palu estão destruídas”, disse o responsável da Agência Nacional de Gestão de Desastres, Willem Rampangilei.
De acordo com as primeiras estimativas, 16.700 pessoas na cidade foram retiradas de suas casas e estão à espera de ajuda humanitária. “Temos informações limitadas sobre a destruição em Palu, mas não sabemos nada sobre Donggala e isso é preocupante. Mais de 300 mil pessoas vivem lá”, afirmou a Cruz Vermelha em um comunicado. “Isso é uma tragédia, mas pode piorar”, afirmou o vicepresidente indonésio, Jusuf Kalla.
Ontem, a ONU alertou que 191 mil pessoas precisam de ajuda urgente. As autoridades temem que o número de mortos aumente consideravelmente nos próximos dias, quando os danos sofridos nas áreas remotas e sem comunicação afetadas pelo desastre vierem à tona, “uma área maior do que o estimado inicialmente”, segundo o porta-voz do órgão, Sutopo Purwo Nugroho. Dezenas de pessoas estão desaparecidas, muitas presas sob os escombros.
Em outras cidades, supermercados têm sido saqueados, com dezenas em busca de suprimentos. O governo também teme pela segurança, já que ao menos 1.200 presos tiveram de ser libertados de três penitenciárias. Momentos após o tsunami atingir a ilha, as prisões foram abertas e os prisioneiros, soltos.
Uma prisão na cidade de Palu, projetada para acomodar 120 prisioneiros, tinha 581. “A água jorrou do chão do pátio da prisão, o que causou pânico entre os prisioneiros”, disse o funcionário do Ministério da Justiça, Sri Puguh Utami. “Tenho certeza de que eles escaparam porque estavam com medo de serem afetados pelo terremoto.” A maioria cumpria pena por corrupção e tráfico de drogas.
Falha. No fim de semana, o governo reconheceu que alertas de tsunami falharam, fazendo muitos se surpreenderem com as ondas. “O problema foi a comunicação entre as autoridades locais e as pessoas perto da praia”, disse Joern Lauterjung, diretor de geoserviços da GFZ, empresa alemã que desenvolveu o sistema.
Lauterjung afirmou que o sistema funcionou como planejado, prevendo ondas de até 3 metros. “O problema foi a comunicação entre as autoridades locais e as pessoas, por exemplo na praia, como em Sulawesi. Parece que as sirenes não funcionaram e não houve alertas à população com alto-falantes.