O Estado de S. Paulo

Brexit custaria US$ 18 bi à UE, diz Londres

Ministro britânico diz que empresas europeias pagarão esse valor em tarifas se não houver acordo até a saída

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O ministro britânico do Comércio, Liam Fox, afirmou na abertura oficial do congresso do Partido Conservado­r, de Theresa May, que um Brexit sem acordo poderia custar até US$ 18 bilhões por ano em tarifas para empresas europeias. Ele reiterou que não seria apenas o Reino Unido que sairia prejudicad­o na falta de um acordo. No entanto, defendeu que a falta de um pacto entre o bloco e o país ainda é melhor do que ficar “amarrado” à União Europeia.

“Se não chegarmos a um acordo com a União Europeia isso também será muito prejudicia­l para o comércio europeu”, disse Fox. “É do interesse de todos que cheguemos a um acordo e o façamos o mais rápido possível.”

O congresso do partido vai até amanhã. May corre o risco de perder o cargo em razão do fracasso das negociaçõe­s do Brexit com o bloco europeu. Seus ministros falaram um por um no congresso na cidade de Birmingham para alertar à UE que eles apoiam a saída sem um acordo se o bloco falhar em “demonstrar respeito” pelo Reino Unido nas negociaçõe­s.

O ministro do Brexit, Dominic Raab, disse que o Reino Unido não pode sofrer “bullying” por sua decisão de deixar o bloco europeu.

O ministro das Relações Exteriores, Jeremy Hunt, por sua vez, comparou a União Europeia à União Soviética. Ele acusou o bloco de querer “castigar” o Reino Unido por ter decidido sair e estabelece­u um paralelo

com o regime soviético, que tentava impedir a saída de seus cidadãos.

“O que aconteceu com a confiança e os ideais de sonho europeu? A UE estava destinada a proteger a liberdade. Era a União Soviética que impedia a saída das pessoas”, disse. “O clube europeu se transformo­u em prisão. O desejo de fugir não vai diminuir, mas sim aumentar. Não seremos o único prisioneir­o a tentar fugir”, insistiu.

O ministro foi criticado por fazer tal comparação. Peter Ricketts, secretário da chancelari­a entre 2006 e 2010, função de maior responsabi­lidade no ministério, reagiu no Twitter e qualificou as declaraçõe­s de “sandices indignas de um ministro britânico das Relações Exteriores”.

“Independen­te de sua opinião sobre o Brexit, é um erro de julgamento deplorável para um ministro britânico das Relações Exteriores comparar a União Europeia à União Soviética”, escreveu no Twitter o sucessor de Ricketts, Simon Fraser, que também já deixou o cargo.

A Grã-Bretanha deve deixar a UE em março de 2019, mas a apenas seis meses do divórcio as negociaçõe­s não avançam.

Hunt, considerad­o um possível sucessor de May como chefe de governo, também criticou – em uma entrevista ao jornal The Telegraph – Emmanuel Macron. O presidente francês alfinetou aqueles que prometeram maravilhas durante a campanha do referendo sobre o Brexit em 2016 e os chamou de “mentirosos”.

“Se o presidente Macron pensa que vamos voltar de joelhos buscando desesperad­amente retornar ao clube em alguns anos, nos conhece mal”, disse Hunt.

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