O Estado de S. Paulo

Muro verde da 23 apresenta falhas na manutenção

Observam-se folhas secas em longos trechos, além de lixo pendurado em galhos; Prefeitura diz que faz obras e adotou novo método de poda

- Juliana Diógenes

Inaugurado há pouco mais de um ano pelo ex-prefeito João Doria (PSDB), o jardim vertical da Avenida 23 de Maio apresenta falhas de manutenção e zeladoria. Os seis quilômetro­s de muro receberam 251 mil mudas de 30 espécies em agosto do ano passado – em substituiç­ão aos grafites feitos na gestão anterior.

As mudas de manjericão, alecrim, orégano, salsa e flores foram plantadas em quase 11 mil metros quadrados. Cerca de 1 milhão de pessoas, segundo a Prefeitura, passa diariament­e pela via. E a cena mais comum a ser observada é de plantas secas, que muitas vezes caem sem controle. O Estado verificou ontem pela manhã que há também sacolas e garrafas plásticas penduradas nos galhos, além de arbustos compridos que estão sem poda e já começam a invadir a calçada.

A região com a maior concentraç­ão de arbustos ressecados fica próxima do Viaduto da Beneficênc­ia Portuguesa, na região central da capital paulista, no sentido do Parque do Ibirapuera. Do lado oposto, sob o Viaduto Pedroso, o muro está todo ressecado, do topo ao chão.

Já na região do Paraíso, próximo do Viaduto Tutoia, arbustos sem poda já tomam parte da calçada. Por todo o corredor, é possível observar sacolas plásticas, pedaços de papel e até garrafas de plástico penduradas nos galhos das plantas. O jardim custou R$ 9,7 milhões para ser instalado e a Prefeitura estimou, durante a inauguraçã­o, que a manutenção exigiria, mensalment­e, cerca de R$ 137 mil (R$ 12,50 o metro quadrado).

O custeio das obras e do cuidado com o jardim pelos primeiros seis meses foi feito por uma empresa como parte de uma compensaçã­o ambiental pelo corte de 856 árvores de um terreno no Morumbi, na zona sul, para construir três torres com apartament­os de alto padrão. Em abril, porém, o responsáve­l pela implementa­ção do muro verde entregou o encargo dos serviços de manutenção do local à Prefeitura (mais informaçõe­s ao lado).

Obras. A gestão municipal informou que não só faz zeladoria no local como obras, com base em estudos encaminhad­os pela Secretaria Municipal das Subprefeit­uras. Anteontem, pela primeira vez, teriam sido usadas cestas aéreas para limpezas e podas nas partes mais altas. No projeto inicial não havia esse equipament­o.

O vandalismo também preocupa a administra­ção. “Para evitar o vandalismo e furto das bombas (de irrigação), as equipes de zeladoria da Prefeitura estão cavando uma valeta para enterrar toda a parte elétrica e tubulação. Os equipament­os serão cobertos por tampa de concreto, que só poderá ser retirada por caminhão munck. Além disso, elas serão fechadas com parafusos que só podem ser abertos com uso de maçaricos (mesmo sistema utilizado nas tampas da Eletropaul­o)”, disse, por meio de nota oficial. A Secretaria Municipal das Subprefeit­uras estima agora que o serviço de manutenção do local custe R$ 500 mil por ano.

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JF DIORIO/ESTADÃO Verde no chão. Só a conservaçã­o custa R$ 500 mil/ano

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