Canadá e EUA fecham acordo para substituir Nafta
Novo acordo representa vitória de Trump, mesmo trazendo poucas mudanças em relação a antigo tratado; nome foi alterado para USMCA
EUA, México e Canadá chegaram a um novo acordo comercial trilateral, que vai substituir o antigo Tratado NorteAmericano de Livre Comércio (Nafta, na sigla em inglês). Na última hora do prazo estipulado pelo presidente Donald Trump, o Canadá se juntou ao acordo, que inicialmente havia sido firmado somente com o México, a tempo de enviar o texto ao congresso americano dentro do calendário estipulado.
A mudança de nome foi uma das exigências de Trump, que desde sua campanha eleitoral critica o acordo e o classifica como um dos piores do mundo. O novo acordo entre os três países recebeu o nome de Acordo Estados Unidos, México, Canadá (USMCA, na sigla em inglês). “Não é o Nafta reeditado, é um acordo novo”, disse Trump. É “justo” e é “o mais importante acordo comercial feito até agora”, segundo o presidente.
O acordo foi uma vitória do republicano. Nas palavras de um alto funcionário do governo americano, é o “cumprimento de uma de suas promessas de campanha mais importantes”.
Pelo novo texto, serão reduzidas as barreiras para que os EUA vendam laticínios para o Canadá. Do outro lado, produtores canadenses e mexicanos continuam a poder vender automóveis e caminhões na quantidade atual sem a imposição de tarifas. O acordo prevê que 75% das partes do carro precisam ter sido produzidas na América do Norte para ficarem livres de tarifas, um porcentual acima do que o Nafta previa (62,5%).
O texto ainda estabelece regras para incentivar a produção de carros em países que pagam salários mais altos. A ideia é incentivar a produção nos EUA ou fazer com que o custo da produção fique equiparado entre americanos e mexicanos. O acordo mantém os mecanismos existentes para resolver os conflitos comerciais entre os três países – o que os EUA pretendiam alterar.
Ficaram de fora do acordo negociações sobre a imposição de tarifas pelos EUA à importação de alumínio e aço do Canadá. As tratativas serão feitas paralelamente.
O Nafta está em vigor desde 1994, como um acordo de livre circulação de mercadorias e serviços entre os três países da América do Norte e movimentou mais de um US$ 1 trilhão entre as três economias em 2017.
Ontem, no Fundo Monetário Internacional, a diretora-gerente da instituição, Christine Lagarde disse que ainda não tinha lido os detalhes do acordo, mas considerou um sinal positivo o anúncio do USMCA, pelo fato de ele existir. Ela ressaltou que havia um receio de que os países não chegassem a um acordo e destacou a importância de o texto ter incluído setor de serviços no fluxo de comércio.
Para o professor da Universidade de Harvard Jeffrey Frankel, é um “exagero típico” de Trump classificar o acordo como o maior já assinado. “Na realidade, as mudanças relativas ao Nafta são pequenas”, disse. “É melhor que a guerra comercial ameaçada por Trump, mas não é melhor que o TPP (sigla em inglês para a Parceria Transpacífico, acordo multilateral que Trump abandonou ao chegar à Casa Branca).”