O Estado de S. Paulo

2º turno antecipado

- Maurício Fronzaglia

Os resultados da pesquisa presidenci­al divulgados ontem deixam abertas as possibilid­ades de antecipaçã­o do voto que seria dado no segundo turno para o primeiro turno. Seria a realização do chamado voto útil que tem, aliás, longa história política entre nós.

Em uma eleição de dois turnos este apelo tem maior efeito já que a escolha fica reduzida a dois candidatos e muitos eleitores fazem sua escolha tendo como objetivo que um candidato específico não seja eleito. Pode-se dizer que o voto útil seria a vitória da prioridade negativa: a prioridade é a derrota de um candidato. Contudo, há exemplos de movimentos de polarizaçã­o que já acontecem no primeiro turno. A eleição de João Doria para a prefeitura de São Paulo, em 2016, seguiu esse padrão. A disputa que estava embolada caiu nas mãos de Doria quando o eleitorado antipetist­a percebeu o cresciment­o de Haddad e a possibilid­ade de um segundo turno acirrado entre PT e PSDB. Então, eleitores de Celso Russomanno e Marta migraram para Doria já no 1.º turno. A força propulsora do voto útil foi, naquela ocasião, o antipetism­o.

O atual momento da disputa presidenci­al parece semelhante. Diante do medo da volta do petismo, o eleitorado que hoje se encontra disperso em um amplo centro político dividido tenderiam a migrar, já no primeiro turno, para a candidatur­a Bolsonaro. A candidatur­a do PSDB parece perder força de forma lenta e constante. O resultado de 7% é o pior das últimas pesquisas. É mais do que provável que o destino destes votos esteja à direita do candidato tucano.

Haddad oscilou dois pontos para cima e Ciro, um ponto para baixo. O cenário é ainda indefinido e migrações de voto devem ocorrer até o 7 de outubro. Desta forma, podemos ter um segundo turno (efetivo ou ensaiado) acontecend­o já neste próximo domingo.

DOUTOR EM CIÊNCIA POLÍTICA, É PROFESSOR DO MACKENZIE

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