Bolsonaro cancela participação em debate e Ciro critica
Veto foi por orientação médica, mas candidato vai fazer ‘live’ na internet; ‘atestado falso é crime’, diz presidenciável do PDT
A campanha do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, confirmou ontem que, por orientação médica, ele não vai comparecer ao debate entre presidenciáveis promovido hoje à noite pela TV Globo, o último antes do primeiro turno. No mesmo horário, Bolsonaro vai fazer uma transmissão ao vivo em suas redes sociais.
Inicialmente a “live” estava marcada para 20h40, mas foi adiada para as 22h, mesmo horário do debate. A ideia, segundo um assessor, é concorrer com o debate apresentando as propostas do candidato, e não comentando o programa.
O veto à participação de Bolsonaro no debate foi feito pelo cirurgião Antônio Macedo. “Ele está muito bem, mas não está em condições de ficar mais do que dez minutos conversando”, afirmou. Macedo, que visitou Bolsonaro ontem pela manhã acompanhado do médico Leandro Echenique, disse que o candidato se recupera bem e os antibióticos foram suspensos, mas foi aplicada infusão de ferro para combater a anemia.
Questionado sobre as transmissões que o candidato do PSL tem feito na internet diariamente desde segunda-feira, o médico disse que a avaliação foi feita especificamente para o debate. “Nós contraindicamos a ida dele ao debate.” Segundo o médico, uma nova avaliação será feita na próxima semana e ainda não há previsão de quando ele poderá participar de debates.
Desafio. A desistência foi criticada pelo candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, que acusou o concorrente de apresentar um atestado falso. “Bolsonaro, eu vou te enquadrar. Vá ao debate. Atestado médico falso é crime”, afirmou Ciro, pouco antes de um ato de campanha com a juventude pedetista, em São Paulo.
No encontro, Ciro voltou a relacionar Bolsonaro a movimentos extremistas e disse que o candidato do PSL é “mais falso que nota de R$ 3”. Segundo o pedetista, o deputado se coloca como novo na política, mas está há quase 30 anos no Congresso e ajudou a eleger os filhos dele para cargos legislativos. “Aqueles filhos dele são uns esquisitões, são uns ovinhos de serpente nazistoides.”
No evento, Ciro se colocou como opção à polarização Bolsonaro e Fernando Haddad (PT) apontada nas pesquisas de intenção de votos. Para ele, neste cenário hipotético, Bolsonaro atacaria o PT como a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a Lava Jato. “O segundo turno vai ser um inferno se isso acontecer.” Ele voltou acenar para Marina Silva (Rede) ao dizer que poderia incorporar a quase a totalidade das propostas dela em um eventual segundo turno.