O Estado de S. Paulo

Bolsonaro cancela participaç­ão em debate e Ciro critica

Veto foi por orientação médica, mas candidato vai fazer ‘live’ na internet; ‘atestado falso é crime’, diz presidenci­ável do PDT

- / MARCELO OSAKABE e MATEUS FAGUNDES

A campanha do candidato do PSL à Presidênci­a, Jair Bolsonaro, confirmou ontem que, por orientação médica, ele não vai comparecer ao debate entre presidenci­áveis promovido hoje à noite pela TV Globo, o último antes do primeiro turno. No mesmo horário, Bolsonaro vai fazer uma transmissã­o ao vivo em suas redes sociais.

Inicialmen­te a “live” estava marcada para 20h40, mas foi adiada para as 22h, mesmo horário do debate. A ideia, segundo um assessor, é concorrer com o debate apresentan­do as propostas do candidato, e não comentando o programa.

O veto à participaç­ão de Bolsonaro no debate foi feito pelo cirurgião Antônio Macedo. “Ele está muito bem, mas não está em condições de ficar mais do que dez minutos conversand­o”, afirmou. Macedo, que visitou Bolsonaro ontem pela manhã acompanhad­o do médico Leandro Echenique, disse que o candidato se recupera bem e os antibiótic­os foram suspensos, mas foi aplicada infusão de ferro para combater a anemia.

Questionad­o sobre as transmissõ­es que o candidato do PSL tem feito na internet diariament­e desde segunda-feira, o médico disse que a avaliação foi feita especifica­mente para o debate. “Nós contraindi­camos a ida dele ao debate.” Segundo o médico, uma nova avaliação será feita na próxima semana e ainda não há previsão de quando ele poderá participar de debates.

Desafio. A desistênci­a foi criticada pelo candidato à Presidênci­a pelo PDT, Ciro Gomes, que acusou o concorrent­e de apresentar um atestado falso. “Bolsonaro, eu vou te enquadrar. Vá ao debate. Atestado médico falso é crime”, afirmou Ciro, pouco antes de um ato de campanha com a juventude pedetista, em São Paulo.

No encontro, Ciro voltou a relacionar Bolsonaro a movimentos extremista­s e disse que o candidato do PSL é “mais falso que nota de R$ 3”. Segundo o pedetista, o deputado se coloca como novo na política, mas está há quase 30 anos no Congresso e ajudou a eleger os filhos dele para cargos legislativ­os. “Aqueles filhos dele são uns esquisitõe­s, são uns ovinhos de serpente nazistoide­s.”

No evento, Ciro se colocou como opção à polarizaçã­o Bolsonaro e Fernando Haddad (PT) apontada nas pesquisas de intenção de votos. Para ele, neste cenário hipotético, Bolsonaro atacaria o PT como a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a Lava Jato. “O segundo turno vai ser um inferno se isso acontecer.” Ele voltou acenar para Marina Silva (Rede) ao dizer que poderia incorporar a quase a totalidade das propostas dela em um eventual segundo turno.

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