O Estado de S. Paulo

Nicarágua condena opositores por terrorismo

- MANÁGUA

Nove nicaraguen­ses que protestara­m contra o governo do presidente Daniel Ortega foram condenados ontem por terrorismo. A decisão, anunciada pela juíza Adela Cardoza, ocorre em meio à crise política que o país vive desde abril. Além da acusação de terrorismo, os nove foram considerad­os culpados por porte de armas de fogo e munição. Todos são do município de Tipitapa, 25 quilômetro­s ao norte de Manágua.

A juíza determinou que os nove opositores também são culpados de bloquear ruas durante os protestos, de impedir a livre circulação, cobrar pedágio e ameaçar matar os que não atendiam sua exigências. Adela declarou culpados Wilmer Martínez, líder do grupo, assim como Ervin Zamora, Daniel Sánchez, Júnior Sánchez, Juan Carlos Bermúdez, José García, Wilfredo Orozco, Mauricio Paniagua e Yudielka Flores.

Guillermo Ruiz, Yader Cantón e Francisco López foram declarados inocentes porque o Ministério Público não conseguiu comprovar sua participaç­ão nas manifestaç­ões, segundo a juíza. O Ministério Público pediu uma pena de 24 anos de prisão para os condenados, enquanto o advogado dos opositores havia pedido 15 anos.

A Nicarágua vive uma crise que começou com uma tentativa de Ortega de impor uma reforma da previdênci­a. A reação violenta acabou obrigando o presidente a recuar, mas os protestos se espalharam e passaram a exigir a queda do governo. Em seis meses, entre 326 e 512 pessoas morreram, segundo organismos de direitos humanos. O governo reconhece apenas 199 mortes.

A ONU responsabi­lizou Ortega por “mais de 300 mortes’, assim como execuções extrajudic­iais, torturas, detenções arbitrária­s, sequestros e violência sexual. Há 11 anos no poder, Ortega nega as acusações e diz que se trata de uma tentativa de golpe.

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