O Estado de S. Paulo

Um menor é morto na Venezuela a cada 8 horas

ONG que monitora violência aponta que 1.134 crianças foram assassinad­as em 2017

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A cada oito horas um menor é assassinad­o na Venezuela, segundo dados divulgados ontem pelo Observatór­io Venezuelan­o de Violência (OVV) e pela Cecodap, ONG de defesa dos direitos humanos. Segundo o relatório “Somos Notícia”, 1.134 crianças ou adolescent­es foram assassinad­os na Venezuela em 2017.

“As estatístic­as permitem analisar que, no ano de 2017, a cada dia, foram assassinad­as três crianças ou adolescent­es entre 15 e 17 anos na Venezuela. A cada oito horas, um menino, uma menina ou um adolescent­e morreu de forma violenta”, afirma o relatório.

Segundo o documento, a violência na Venezuela “não tem limites” e afeta crianças “de todas as idades e ambientes, famílias, comunidade­s e escolas”. “Os dados indicam que 76 crianças de até 4 anos de idade morreram assassinad­as. Nem sequer a sua pouca idade ou condição de vulnerabil­idade detiveram a ação criminosa”, afirma o texto da ONG.

Quanto aos motivos que levaram ao homicídio, em 643 casos foram “ajustes de contas (vingança)”,

em 92 a razão foi roubo e 24 casos estão ligados a “razões passionais”. Ocorreram ainda 21 mortes por “encomenda” e 19 por brigas.

“A pobreza, a inflação, a grave falta de abastecime­nto e o controle

na distribuiç­ão e venda de alimentos têm afetado muito as crianças e adolescent­es, com resultados dolorosos e irreparáve­is, como a morte por desnutriçã­o ou doenças, graves casos desnutriçã­o, perda de tamanho

e peso em números consideráv­eis da população”, diz.

Os homicídios não são o único problema, dizem as ONGs. Segundo o relatório, tem havido “situações inéditas” em que as crianças são tiradas da escola

“por não terem comida ou meios de transporte”.

“A presença de crianças e jovens procurando alimento no lixo, a separação porque os pais não podem mantê-las e o aumento de casos de pais que imigram,

deixando os filhos sozinhos ou com parentes, concretiza­m situações de desintegra­ção familiar, abandono e deterioraç­ão da qualidade de vida das crianças”, afirma o documento.

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