Uso de teoria de Darwin para criações é premiado.
Teoria de Charles Darwin virou ferramenta para acelerar o desenvolvimento de fármacos e outros produtos biotecnológicos em laboratório
Charles Darwin ficaria orgulhoso. O Prêmio Nobel de Química deste ano foi para três pesquisadores que transformaram a evolução natural em ferramenta para acelerar o desenvolvimento de fármacos e outros produtos biotecnológicos em laboratório.
Os laureados foram a americana Frances Arnold, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech); o também americano George Smith, da Universidade do Missouri; e o britânico Greg Winter, do Laboratório de Biologia Molecular do Conselho de Pesquisas Médicas (MRC) do Reino Unido.
Frances é a inventora de uma técnica conhecida como “evolução dirigida de enzimas”, que permite criar moléculas catalisadoras de alta eficiência para uma série de aplicações tecnológicas, desde detergentes domésticos que limpam melhor até fármacos mais seguros e plásticos e combustíveis menos poluentes.
“Quase tudo que a gente faz tem enzimas embutidas no processo”, diz a química Arlene Corrêa, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que trabalha com a técnica desenvolvida por Frances, ainda na década de 1990.
Aos 62 anos, a cientista americana é apenas a quinta mulher a receber o Nobel de Química desde a criação do prêmio, em 1901 – em um total de 109 laureados em 117 anos. “É uma satisfação a mais para nós”, comemorou Arlene.
Bactérias. Smith e Winter, de 77 e 67 anos, respectivamente, foram premiados pelo pioneirismo no desenvolvimento de uma técnica conhecida como “phage display”, em inglês, que envolve o uso de fagos (vírus que infectam bactérias) como plataformas biológicas para a descoberta de anticorpos e outras moléculas com propriedades farmacêuticas.
“São ferramentas químicas da vida, com uma diversidade incrível de aplicações”, diz o pesquisador Adriano Andricopulo, do Instituto de Física de São Carlos, da Universidade de São Paulo, especialista em desenvolvimento de fármacos.