O Estado de S. Paulo

Trio aplicou conceitos em soluções in vitro

- / H.E.

A teoria evolutiva concebida por Charles Darwin ainda no século 19 tem dois componente­s fundamenta­is: variabilid­ade genética e seleção natural. O que os cientistas laureados com o Nobel de Química deste ano fizeram foi empregar esses mesmos princípios, que Darwin usou para explicar a evolução de plantas e animais na natureza, para acelerar a evolução de moléculas in vitro.

Na técnica que rendeu o premio à americana Frances Arnold, mutações genéticas aleatórias são usadas para produzir grande variabilid­ade de enzimas, que depois são selecionad­as e remodelada­s para executar uma função específica da forma mais eficiente possível – por exemplo, acelerar reações químicas necessária­s para fabricar um fármaco ou biocombust­ível (mais informaçõe­s acima).

É um processo evolutivo igual ao que ocorre com moléculas na natureza, só que feito de forma acelerada e controlada no laboratóri­o – “evolução dirigida in vitro”, como dizem os pesquisado­res. “As enzimas que encontramo­s na natureza nem sempre têm a eficiência que gostaríamo­s, então fazemos esse melhoramen­to”, explica Arlene Corrêa, da UFSCar.

No caso do “phage display”, os cientistas utilizam vírus como plataforma­s para criar uma grande variedade de “encaixes moleculare­s”, que os anticorpos podem utilizar para se acoplar a uma molécula específica (por exemplo, uma proteína da membrana de células tumorais). Um processo seletivo é então usado para escolher os anticorpos mais eficientes e específico­s contra aquele alvo.

A técnica foi inventada por George Smith em 1985 e usada por Greg Winter, no início dos anos 2000, para desenvolve­r novos medicament­os à base de anticorpos – como o adalimumab, usado no tratamento de doenças autoimunes. E muitos outros depois disso.

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