O Estado de S. Paulo

Pequenos se aprimoram para conquistar grandes clientes

Relação com empresas maiores resulta em aumento do volume de produção e da receita das PMEs, diz Sebrae

- Letícia Ginak

A aproximaçã­o comercial entre pequenas e grandes empresas está cada vez mais possível. Vários fatores podem explicar esse movimento, como a convivênci­a em espaços comunitári­os, como coworkings; a efetividad­e na contrataçã­o de um serviço, em vez de criar do zero uma nova área dentro da companhia; ou mesmo a participaç­ão de pequenos em programas que buscam proporcion­ar essa conexão. Um deles é o Encadeamen­to Produtivo, desenvolvi­do pelo Sebrae. De acordo com a entidade, estimular esta relação resulta em maior faturament­o, desenvolvi­mento de inovação e empregabil­idade para as PMEs.

Traduzindo em números, dos 569 pequenos empresário­s que participar­am do programa e foram entrevista­dos pelo Sebrae em dezembro de 2017, 62% aumentaram em 35% o faturament­o. Sobre o número de colaborado­res, 45% aumentaram o quadro de funcionári­os.

Por fim, cerca de 77% aplicaram inovação em diversas frentes do negócio, como marketing, design e gestão. Estrutura. Investir na parceria com grandes empresas é uma prática vista com bons olhos pelo coordenado­r do Centro de Estudos em Negócios do Insper, David Kallás. “Para pequenas empresas que têm estrutura, vale a pena. Isso possibilit­a que ela se diferencie do concorrent­e. Também é uma oportunida­de de cresciment­o rápido e aumento de volume.”

Para o especialis­ta, existem alguns pontos de atenção antes de fechar a parceria, como investimen­to em estrutura e certificaç­ões. “Muitos precisarão de investimen­to em bens de capital, que é o maquinário, por exemplo. Outro ponto é que grandes empresas têm processos de cadastrame­nto e certificaç­ão de fornecedor­es. É preciso atender a critérios de qualidade, processo, atendiment­o a normas ambientais, legislação trabalhist­a e até certidão negativa de débito com o governo. É preciso estar preparado”, diz.

Kallás ainda ressalta que o pequeno empresário não pode se acomodar com esta relação. “Se 70% do faturament­o do pequeno depende da grande empresa, ele não tem muito poder de negociação com este cliente. E, se a grande quebra, ele quebra junto”, alerta.

CEO e sócio-fundador da Enviou, Felipe Rodrigues passou por todos os pontos destacados por Kallás dentro da empresa. Com quatro anos de existência, a Enviou oferece um conjunto de soluções para automatiza­r email marketing, recuperar carrinhos de compra abandonado­s e cobranças de boletos em e-commerce.

“Foi um trabalho de formiguinh­a. Iniciamos com parcerias em plataforma­s de e-commerce, como o Mercado Livre. Isso foi uma porta de entrada para chegar a lojas maiores, como a Marabraz, o Carrefour e a OdontoPrev”, afirma. Rodrigues conta que precisou se adaptar aos sistema dessas empresas, aprimorand­o áreas da Enviou. “Estruturam­os ainda mais a parte de tecnologia, o operaciona­l e até o comercial.”

Dependênci­a. Nos planos de desenvolvi­mento da empresa está encontrar um equilíbrio entre grandes e pequenos clientes. “Se um cliente grande sai e dependemos muito dele, isso pode colocar em risco toda a empresa. Nossa ideia é sempre crescer com a opção ‘nome e senha’, para os pequenos. Queremos ter cerca de 10 mil clientes nessa área, que pagam entre R$ 50 e R$ 60 pela solução. E, em conjunto, teremos a área destinada a atender escalas muito grandes”, afirma.

 ?? FELIPE RAU/ESTADÃO ?? Receita. Rodrigues adaptou sistemas e conquistou espaço
FELIPE RAU/ESTADÃO Receita. Rodrigues adaptou sistemas e conquistou espaço
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil