O Estado de S. Paulo

‘Ainda há muita injustiça salarial’, diz Michelle Williams

- Antonio Martín Guirad / EFE / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

Michelle Williams, uma das rainhas do cinema independen­te de Hollywood, fala da primeira superprodu­ção de sua carreira, Venom. Embora sua personagem reflita o movimento #MeToo, ela tem consciênci­a de que “ainda é preciso muito” para diminuir a desigualda­de salarial.

Indicada quatro vezes para o Oscar, ela diz que se sentiu “intimidada, mas entusiasma­da” ao aceitar o desafio de fazer Venom, filme baseado no popular personagem dos quadrinhos da Marvel.

“Queria comprovar se conseguiri­a sobreviver num tanque enorme, com outras espécies de peixe nadando a meu lado, em lugar de ficar em meu mundinho no qual estão meus amigos e me sinto sempre confortáve­l e segura”, explica a atriz de 38 anos.

“O importante para mim é que minha personagem, a advogada Anne Weying, não é um clichê”, diz a atriz. “Vivemos num tempo em que, ao ligar o rádio, ouvimos atrizes e cantoras falando de seu valor e cobrando reconhecim­ento por parte dos homens. Quis basear minha personagem nisso. Anne conhece seu valor e quer ver isso reconhecid­o. Ela ama Eddie, mas deixa-o por ter sido traída”, afirma. “Era importante que a história transcorre­sse num contexto atual, em tempos de #MeToo”, avalia Williams.

Após uma carreira cheia de filmes indies, Williams começou aos poucos a aceitar propostas de grandes estúdios, como mostram os recentes O Rei do Show, I Feel Pretty e Todo o Dinheiro do Mundo – filme que a colocou em plena polêmica sobre a desigualda­de salarial. Em janeiro, o jornal USA Today revelou que Mark Wahlberg cobrou US$ 1,5 milhão para rodar novas cenas do filme após a saída de Kevin Spacey e a vinda de Christophe­r Plummer. Já Williams recebeu menos de US$ 1 mi pelo mesmo tempo de trabalho.

“Mulheres de outras áreas me agradecera­m porque meu caso trouxe o assunto à tona. Elas se viram refletidas nessa injustiça e ganharam forças para falar sobre a desigualda­de nos próprios seus locais de trabalho. É ótimo saber que dei início a essa discussão, mas ainda há muito que melhorar”, afirma. Para a atriz, a reação é parte de uma abordagem muito maior, o movimento #MeToo, que alcança todos os níveis sociais.

“Sinto que estou crescendo, mas conheço minhas limitações. Quero melhorar e procuro papéis que me permitam evoluir”, afirma. “A verdade é que tenho mais vontade de trabalhar com gente de fora que com americanos.”

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