O Estado de S. Paulo

Criação de vagas é a maior desde o início da recessão

Em setembro, o País abriu 137,3 mil postos de trabalho formal, melhor resultado para o mês em cinco anos

- Fernando Nakagawa / BRASÍLIA

Setembro foi o melhor mês para o mercado de trabalho do País desde o início da recente recessão brasileira, em 2014. O Cadastro Geral de Empregados e Desemprega­dos (Caged) do Ministério do Trabalho registrou contrataçã­o de 137,3 mil pessoas, 299% mais que no mesmo período de 2017 e o melhor resultado para o mês em cinco anos. O resultado, puxado pelas contrataçõ­es para o fim de ano, surpreende­u economista­s, que esperavam a criação de 100 mil vagas, segundo pesquisa do Projeções Broadcast com 13 instituiçõ­es financeira­s. Em vídeo, o presidente Michel Temer disse que o número é “um sinal de progresso do País, de acerto da reforma trabalhist­a e otimismo com o País”. Todas as regiões tiveram aumento do emprego e sete dos oito segmentos detalhados pelo Caged contratara­m.

O mercado de trabalho registrou em setembro o melhor mês desde que o País entrou em recessão, em 2014. As empresas aceleraram as contrataçõ­es para o fim do ano e impulsiona­ram a criação de 137,3 mil vagas com carteira assinada no mês passado, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desemprega­dos (Caged) do Ministério do Trabalho divulgados ontem. O número é 299% superior ao do mesmo mês do ano passado.

A geração de empregos em setembro surpreende­u economista­s. Pesquisa do Projeções Broadcast com 13 instituiçõ­es financeira­s indicava expectativ­a de 100 mil novas vagas, com previsões entre 47,8 mil e 127 mil postos de trabalho.

Para especialis­tas, o resultado de setembro (foi o melhor resultado para este mês desde 2013) reforça a percepção de que a recuperaçã­o do mercado de trabalho é cada vez mais generaliza­da. No mês, todas as cinco regiões do Brasil tiveram aumento do emprego formal. Por setor, sete dos oito segmentos detalhados pelo Caged contratara­m novos trabalhado­res. Apenas o agronegóci­o perdeu vagas. Mesmo assim, o campo teve o menor número de demissões para o mês em 25 anos.

Consideran­do setembro, já são nove meses seguidos de geração de vagas com carteira assinada. No ano, foram criados 719 mil postos de trabalho. O número representa um avanço, mas ainda está longe de compensar o estrago feito pela recessão – que terminou tecnicamen­te no ano passado. Entre 2014 e 2017, foram fechados quase 2,9 milhões de postos formais de trabalho no País.

“O ritmo de cresciment­o do emprego tem ganhado tração nos últimos dois meses. Vivemos um período de expansão de vagas temporária­s para as vendas do fim do ano, mas também há reflexo da reação da atividade econômica”, avalia o analista da Tendências Consultori­a, Thiago Xavier. O economista diz que, após o tropeço do emprego com a paralisaçã­o dos caminhonei­ros, já é possível ver sinais de melhora até mesmo em setores menos influencia­dos pela sazonalida­de do fim do ano, como a construção civil.

Dados do Caged mostram que a construção contratou 12,4 mil trabalhado­res formais em setembro. O volume de contrataçã­o é 33 vezes maior que o registrado um ano antes. Na indústria, foram 37,4 mil novas vagas, ritmo de admissão que aumentou em 50% em um ano.

Para o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisado­r do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), a indefiniçã­o do programa econômico do próximo governo é um dos fatores que podem atrapalhar a sustentabi­lidade da geração de vagas nos próximos meses. “Para continuar criando um número forte de emprego é preciso que a economia engrene e deixe esse estágio cambaleant­e”, afirmou. “A incerteza deixará de ser eleitoral e passará a ser sobre a condução das políticas econômicas do novo governo”, disse Xavier ao avaliar que o cenário só será mais claro após alguns meses do novo governo.

Barbosa Filho diz que é cedo para avaliar o impacto da reforma trabalhist­a – que começou a vigorar em novembro do ano passado – na geração de vagas. “Em um horizonte maior, porém, tenho certeza que a reforma será responsáve­l pelo aumento de geração de vagas.”

Em vídeo divulgado nas redes sociais, o presidente Michel Temer comemorou o resultado e disse que o número é “um sinal de progresso do País e de acerto da reforma trabalhist­a.”

“Para continuar criando um número forte desses de emprego como esse é preciso que a economia engrene.” Fernando de Holanda Barbosa

PESQUISADO­R DO IBRE/FGV

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