O Estado de S. Paulo

‘Já adverti o garoto’, diz Bolsonaro sobre declaração de fechar o STF

Presidenci­ável do PSL afirma que respeito ao Judiciário é ‘obviamente importante’ e que assunto é ‘página virada’

- Roberta Pennafort / RIO Julia Lindner / BRASÍLIA

O candidato do PSL à Presidênci­a, Jair Bolsonaro, disse ontem, em entrevista ao SBT, que advertiu seu filho Eduardo Bolsonaro (PSL), deputado federal reeleito por São Paulo, que, em um vídeo que circula nas redes sociais, afirma que bastariam “um soldado e um cabo” para fechar o Supremo Tribunal Federal. “Já adverti o garoto”, disse o candidato ao Planalto sobre o filho, que tem 34 anos.

“A responsabi­lidade é dele. Ele já se desculpou. Isso aconteceu há quatro meses. Ele aceitou responder a uma pergunta sem pé nem cabeça, e resolveu levar para o lado desse absurdo aí”, afirmou o presidenci­ável. “Temos todo o respeito e consideraç­ão com os demais Poderes, e o Judiciário, obviamente, é importante.”

No vídeo gravado em julho, mas divulgado neste fim de semana, Eduardo Bolsonaro afirma que o Supremo teria que “pagar para ver” caso decidisse impugnar a candidatur­a de seu pai. A declaração foi criticada por ministros do Supremo.

Bolsonaro afirmou que a advertênci­a feita ao filho “foi até pesada”. “Ele já assumiu a responsabi­lidade, repito, e se desculpou. No que depender de nós, é uma página virada na história”, disse o presidenci­ável, que, assim como o candidato a vice em sua chapa, general Hamilton Mourão (PRTB), lembrou que o PT já adotou discurso semelhante sobre a Corte.

“Por outro lado, o Wadih Damous falou de forma consciente em fechar o Supremo, e não teve essa repercussã­o toda. O garoto errou, foi advertido, vamos tocar o barco”, declarou Bolsonaro, referindo-se a uma fala de abril do deputado do PT.

Na ocasião, Damous criticava a atuação da Corte no caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato, quando disse ser preciso “fechar o Supremo Tribunal Federal” e “enquadrar essa turma”, em referência aos ministros do tribunal. “Temos que redesenhar o Poder Judiciário e o papel do STF”, afirmou o parlamenta­r em vídeo publicado na época em redes sociais.

‘Incomparáv­eis’. Damous rechaçou ontem a comparação. Ele alegou que sugeriu uma mudança na Constituiç­ão para tornar o Supremo exclusivam­ente constituci­onal, sem o processame­nto de ações penais, enquanto Eduardo Bolsonaro adotou um tom “retaliatór­io”. “Sugeri que o Supremo fosse substituíd­o por um tribunal constituci­onal. Esse debate vem desde a Constituin­te”, disse.

Para Damous, as duas falas são “incomparáv­eis”. “Propus um debate de reorganiza­ção constituci­onal em relação ao STF”, afirmou o petista.

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FELIPE RAU/ESTADÃO-8/9/2018 Advertênci­a. Eduardo Bolsonaro, deputado federal reeleito

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