Saída é priorizar a infraestrutura verde
Cuidados com florestas se somam a grandes obras para garantir água
Em um contexto de mudanças climáticas, investir na chamada infraestrutura verde e focar também na demanda de água são duas soluções prioritárias para o País evitar transtornos com a escassez hídrica. Segundo os especialistas que debateram sobre o tema durante o Fórum Estadão Sustentabilidade, não existe uma solução única para fugir de futuras crises hídricas. A saída tem de ser sempre sistêmica, afirmam.
“Não tem bala de prata. Precisamos de um conjunto de ações bem calibrado”, afirma Guarany Osório, coordenador do Programa de Política e Economia Ambiental do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas.
Para o pesquisador, apenas as grandes obras de engenharia para aumentar a oferta de água, a chamada infraestrutura cinza, não são suficientes. “Temos que ter também instrumentos voltados para a demanda. Como mecanismos de mercado baseados na quantidade de água que é consumida pelas pessoas”, diz Osório.
Estimativas feitas pela FGV na região do semiárido brasileiro para os próximos 50 anos mostram uma perspectiva preocupante. “Quando você aplica os cenários climáticos para a bacia Piancó-PiranhasAçu, por exemplo, um dos locais que estudamos, se não considerar a mudança climática significa negligenciar um déficit hídrico adicional de 133% ao problema, que já é grave”, diz. Por isso, defende, é preciso “ter soluções novas para resolver o problema”.
Para Samuel Barreto, gerente nacional de água da ONG The Nature Conservancy, o problema é que a chamada infraestrutura verde – ações que visam ao reflorestamento de áreas ao redor de mananciais ou à preservação de matas que estão de pé – está longe da prioridade dos governantes. “Temos deixado esses projetos em quarto ou quinto plano. Mas precisam estar em primeiro lugar, porque contribuem para a melhoria da qualidade e da quantidade de água. Não podemos abdicar de nada.”
Soluções combinadas. Além do investimento nas áreas ver-