O Estado de S. Paulo

Hamilton corre no México para festejar o penta

Piloto da Mercedes conta com talento e erros dos rivais da Ferrari nesta temporada; basta hoje o sétimo lugar na prova

- Felipe Rosa Mendes

Lewis Hamilton está prestes a se tornar o mais novo pentacampe­ão da Fórmula 1. Somente outros dois pilotos alcançaram tal feito na história: o argentino Juan Manuel Fangio, dono de cinco troféus, e o alemão Michael Schumacher, com sete. O penta será sacramenta­do hoje, no GP do México, a partir das 15h10 (horário de Brasília), se o piloto da Mercedes chegar entre os sete primeiros colocados.

Ele fica com o troféu mesmo se for muito mal. Para tanto, o alemão Sebastian Vettel não poderá ganhar a prova. Será a segunda chance do britânico. A primeira foi nos EUA, no fim de semana passado, mas ele não aproveitou a oportunida­de. Mesmo que não fature o título na Cidade do México, ainda terá a chance nos GPs do Brasil e de Abu Dabi, em novembro. Com a vantagem de 70 pontos no campeonato, o troféu parece apenas questão de tempo.

Ontem, no treino classifica­tório, ele ficou na terceira posição. Seu rival Vettel vai largar ao seu lado, em quarto no grid. À frente da duplas estão os dois carros da Red Bull: o australian­o Daniel Ricciardo é o pole e o holandês Max Verstappen sairá na segunda posição.

O quinto título de Hamilton vem sendo construído a partir de grandes performanc­es, alguma colaboraçã­o do companheir­o, Valteri Bottas, e também com a ajuda dos inúmeros erros da rival Ferrari. Por sua parte, o britânico não deixou dúvidas quanto ao seu nível de pilotagem: são nove vitórias até agora e exibições inquestion­áveis. Os resultados surpreende­m porque é unanimidad­e que pela primeira vez desde o início do seu domínio, em 2014, a Mercedes não tem o carro mais veloz.

“Esta foi a melhor temporada do Hamilton na Fórmula 1”, destaca Luciano Burti, ex-piloto e comentaris­ta da TV Globo. “Durante um bom pedaço do ano, ele teve um carro inferior. E mesmo assim conseguiu vencer provas. O que mais surpreende­u a todos foi justamente ele ter superado Vettel e a Ferrari mesmo com um carro em nível abaixo.”

Mesmo tendo um início de temporada de pouco destaque, Hamilton manteve a consistênc­ia ao longo do ano. Se não conseguiu superar o rival alemão nas primeiras etapas, o inglês não desanimou e manteve o foco até deslanchar na segunda metade da disputa. Foram quatro vitórias consecutiv­as, entre os GPs da Itália e do Japão. “Sua maior qualidade neste ano foi a de errar pouco”, atesta Burti.

A qualidade de Hamilton foi justamente a fraqueza da Ferrari. Os erros constantes da equipe e do piloto derrubaram Vettel da liderança. O momento determinan­te aconteceu no GP da Alemanha, no fim de julho. A 15 voltas do fim, o alemão se desconcent­rou, acertou a proteção e saiu da prova. Era o líder. Hamilton era o quarto, após largar em 14º. Venceu, desbancou o rival na ponta da tabela e ainda abriu 17 pontos de vantagem.

O piloto da Mercedes, que vinha se alternando na liderança com Vettel desde o início da temporada, não perdeu mais a primeira colocação. A partir dali, as trajetória­s se inverteram. O alemão passou a perder rendimento, enquanto o inglês evoluía com facilidade. E os erros do piloto da Ferrari se repetiram na Itália, Azerbaijão, França, Japão e EUA – nas corridas e também nos treinos. Alguns dos erros, principalm­ente na Alemanha e no Azerbaijão, beneficiar­am diretament­e Hamilton, concedendo-lhe pelo menos 50 pontos. “Eu certamente não quero colocar Vettel no banco dos réus, mas estes incidentes não podem mais ser vistos como coincidênc­ia. Deveriam indicar que Sebastian está um pouco descontent­e no momento”, comentou Ross Brawn, atual diretor esportivo da F-1.

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RODRIGO ARANGUA / AFP Quase lá. Em ampla vantagem, Hamilton pode ser campeão

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