O Estado de S. Paulo

Receita extraordin­ária pode atrasar

Recursos com os quais candidato do PSL conta têm prazo incerto para entrar nos cofres públicos porque dependem de trâmites legais

- Renata Agostini /

As receitas extraordin­árias que os assessores econômicos de Jair Bolsonaro (PSL) mapearam para remendar as contas públicas em 2019 têm prazo incerto para entrar no caixa do governo. Negociaçõe­s e trâmites legais para colocar de pé leilões públicos podem atrasar. Há ainda a possibilid­ade de entraves impostos por órgãos de controle.

A equipe de Michel Temer ambicionou as receitas do leilão das áreas excedentes da cessão onerosa do pré-sal, mas não conseguiu. Esbarrou na dificuldad­e de chegar a um acordo de preço com a Petrobrás e na demora em esclarecer pontos para o Tribunal de Contas da União (TCU).

O mesmo ocorreu com as concessões de infraestru­tura. Temer obteve êxito em apenas uma pequena parte do pacote planejado. No caso do leilão do 5G, pode não haver tempo de o dinheiro chegar ainda em 2019. “É difícil, porque há muitas etapas a serem cumpridas. O leilão deve ficar para o fim do ano. E, nesse caso, a receita só entraria

em 2020”, diz Eduardo Tude, da consultori­a Teleco.

Para Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisado­r do Ibre/FGV, diante da gravidade da crise fiscal, seria natural valerse do aumento de receitas – sejam

elas de fontes extraordin­árias ou de impostos temporário­s. “Reverter o déficit em um ano é muito difícil. O perigo é usar a receita extraordin­ária e o Congresso não fazer a parte dele.”

Paulo Guedes costuma listar

como prioridade­s para um primeiro ano de governo PSL encaminhar uma proposta de reforma da Previdênci­a, eliminar desoneraçõ­es, iniciar um amplo programa de privatizaç­ões e forçar bancos públicos a devolver

recursos ao Tesouro. Nessa lista, há ainda ações como o fim do abono salarial, que renderia cerca de R$ 20 bilhões.

As medidas são citadas em conjunto por Guedes ao falar do ajuste, mas nem todas têm efeito

sobre o primário. O dinheiro levantado com privatizaç­ões e remetido por bancos estatais reduz a dívida pública, mas não influencia no resultado primário – esse que a equipe de Bolsonaro promete tirar do vermelho.

 ?? AGENCIA PETROBRAS - 25/8/2008 ?? Contas. Entrada de recursos depende de realização de leilões, como o de áreas do pré-sal
AGENCIA PETROBRAS - 25/8/2008 Contas. Entrada de recursos depende de realização de leilões, como o de áreas do pré-sal

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil