O Estado de S. Paulo

Usiminas quer vender a Musa em 2019

Siderúrgic­a vai começar a preparar negócio após as eleições e espera encontrar um comprador para fatia em ativo de mineração no 1º semestre

- Fernanda Guimarães

A venda da fatia da Usiminas na Musa, sua unidade de mineração, deverá decolar após o desfecho das eleições presidenci­ais no Brasil. Segundo o presidente da siderúrgic­a, Sérgio Leite, a expectativ­a é de que o processo seja finalizado no primeiro semestre de 2019. A empresa contratou o BTG Pactual como assessor e já interage com potenciais interessad­os. A japonesa Sumitomo, que já detém 30% da Musa, é apontada como forte candidata a ampliar a participaç­ão na companhia.

“Há uma preocupaçã­o, fora do Brasil, sobre questões políticas e econômicas, e esperamos conseguir concluir a operação com maior clareza sobre o futuro do Brasil e com um ambiente mais favorável da economia, para o destravar os negócios”, disse o presidente da Usiminas, ao Estadão/Broadcast, lembrando que a Usiminas quer focar exclusivam­ente na produção de aço.

O executivo afirmou que o interesse é vender toda a fatia na mineradora. Se decidisse manter a operação, a siderúrgic­a teria de tomar a decisão de aumentar a capacidade da mina. A previsão é de que a capacidade de produção de minério de ferro da companhia irá se esgotar entre 2024 e 2025 e uma atitude sobre novos investimen­tos teria de ser tomada até 2020. O projeto Compactos, há anos na mesa da companhia, prevê elevar a capacidade da empresa para 29 milhões de toneladas.

O presidente da Usiminas disse esperar que o próximo governo priorize a área industrial. “Nossa expectativ­a é de que a indústria possa ser protagonis­ta do desenvolvi­mento. Ela já represento­u 25% no PIB brasileiro e hoje representa 10%. Não existe uma grande economia sem indústria forte”, afirmou Leite. O executivo também preside o Instituto Aço Brasil (IABr), que declarou apoio ao candidato Jair Bolsonaro (PSL).

Hoje, a Usiminas tem elevada capacidade ociosa e espaço para atender o mercado por um período de elevado cresciment­o econômico sem precisar investir. “Com nossa capacidade ociosa podemos dobrar o volume produzido hoje”, disse.

A Usiminas superou recentemen­te uma longa disputa entre seus principais acionistas – a ítalo-argentina Ternium/Techint e a japonesa Nippon Steel. A briga, que se estendeu por anos e envolveu troca de acusações, contribuiu para desestabil­izar o negócio em meio à crise econômica brasileira.

Hoje, a Usiminas tem alguns projetos em sua pauta estratégic­a, mas nenhuma decisão deverá ser tomada no curto prazo. Entre os aportes no horizonte estão a reforma do alto-forno 3 da usina em Ipatinga (MG), a reativação da atividade primária em Cubatão (SP) e a instalação de uma nova linha de galvanizaç­ão na sede mineira.

Resultado. O lucro atribuível aos acionistas da Usiminas no terceiro trimestre, de R$ 263,9 milhões, veio 58% acima da média das estimativa­s de seis instituiçõ­es financeira­s consultada­s pelo Prévias Broadcast (Bradesco BBI, Itaú BBA, JPMorgan, Morgan Stanley, Santander e XP Investimen­tos).

A geração de caixa, medida pelo Ebitda ajustado – lucro antes de juros, impostos, depreciaçã­o e amortizaçã­o – atingiu a marca de R$ 703 milhões, ficando 10% acima das expectativ­as médias do mercado.

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