O Estado de S. Paulo

Exercício criativo

- Marcelo Lima / REPORTAGEM

Os objetos da Konsepta nascem da vivência de vinte anos acumulada pela designer Claudia Issa, nas áreas de design gráfico e de moda. Mas, também, da curiosidad­e que lhe é peculiar. “Meu começo foi de mão na massa, fazendo tudo pessoalmen­te, criando, executando, vendendo”, conta a designer, hoje à frente de sua marca que acaba de completar um ano de vida. “Meu interesse é fazer coisas inovadoras com materiais tradiciona­is. De certa forma, busco fazer o que ainda não existe”, como ela afirmou nesta entrevista ao Casa.

• Como definiria seus objetos?

Difícil definir filhos, não? Mas diria que eles partem da força de uma forma conceitual­mente marcante. Não os vejo como peças deco- rativas, capazes de compor um ambiente de forma neutra. Eles têm personalid­ade, têm conceito e podem, de fato, redefinir a linguagem de um ambiente. O vaso Pião é um exemplo: queria uma peça que, mesmo parada, tivesse movimento. Na série Pedra Lascada, a ideia é que o consumidor decida qual a configuraç­ão final do objeto. Já a série Disforma tem a desconstru­ção como ideia central. Enfim, meu trabalho é feito de peças que falam por si mesmas, ou em conjunto, com o espaço que as contém. Mas nunca estarão lá caladas, mudas.

• Como você se relaciona com os materiais com os quais produz?

Escolho todos pessoalmen­te. Pesquiso, experiment­o. Tento coisas novas o tempo todo. Encaro a cerâmica e o vidro – materiais muito presentes no meu trabalho, hoje – como folhas de papel em branco, não como vacas sagradas que devem ser usadas de maneira ortodoxa. Meu interesse é inovar. Não busco uma estrada, quero abrir picadas, descobrir novas paisagens e destinos.

Como trabalha a questão da sustentabi­lidade?

Gosto de trabalhar com materiais reciclados, mesmo os ditos 'nobres'. Uso fragmentos de mármore descartado das marmoraria­s, por exemplo, para fazer tábuas, assim como as de madeira, que são provenient­es de restos de pisos de casas. Além de ser uma forma de respeitar o planeta, a reciclagem, para mim, é sempre um exercício criativo. Acho fascinante fazer algo novo a partir de algo que já foi outra coisa. Mas, como designer, acho que não basta ser reciclado para ser bom. Tem que ter forma, conceito, ideia. Para mim, o design tem de ser consciente e essencialm­ente belo, ao mesmo tempo.

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FOTOS: LUIZA GAMA A empresária e designer Claudia Issa, com vasos da linha Disforma
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Peça da linha Tábuas, de mármore. Abaixo, à esquerda, suportes da série Pedra Lascada e, à direita, vasos Pião, de vidro
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