Mercado se prepara para fim de títulos incentivados
Ofim da isenção de Imposto de Renda (IR) sobre o rendimento de títulos emitidos por empresas e bancos, como debêntures de infraestrutura, letras de crédito agrícola e imobiliário, entre outros, é considerado como possível num provável governo de Jair Bolsonaro, candidato do PSL. Existe uma corrente no mercado que aposta na retirada do benefício, que atraiu milhares de pessoas físicas para esses títulos, especialmente os mais endinheirados. No entanto, a expectativa é de que a mudança não seja imediata, mas quando os fundos de pensão e seguradoras estiverem prontos para substituir as pessoas físicas como financiadores da infraestrutura e de outros setores relevantes para a economia. Atualmente, esse grupo de investidores encontra barreiras regulatórias, que precisam ser ajustadas, para terem participação mais ampla no financiamento do setor privado. Essa mudança é vista como necessária, inclusive, diante da menor capacidade de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
» Armados. A crença é tamanha que alguns dos grandes bancos, que trabalham junto às companhias na estruturação de debêntures de infraestrutura, estão mantendo os papéis em suas próprias carteiras. A ideia é oferecer esses papéis ao mercado depois, quando não mais houver títulos incentivados, proporcionando vantagem para os futuros investidores e capturando um prêmio em cima disso. Nos primeiros nove meses deste ano, as emissões de debêntures incentivadas subiram para R$ 15,8 bilhões, contra R$ 5,3 bilhões no mesmo intervalo de 2017.
» Na esteira. Transações de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) no setor de seguros, que foram colocadas em banho maria em meio à corrida eleitoral no Brasil, devem ser retomadas após o segundo turno. Dentre os negócios em andamento, estão a venda do balcão de seguros da Caixa Econômica Federal, carteiras da SulAmérica e ainda conversas no mercado de resseguro, que faz o seguro das seguradoras.
» Segunda fase. No caso da Caixa, a transação passou para a segunda fase após o novo acordo entre a seguradora do banco e a sócia francesa CNP Assurances. Além de renegociar a sociedade em capitalização que tem com as locais SulAmérica e Icatu, a companhia está em busca de sócios para uma sociedade com foco em seguro habitacional e consórcio e outra em automóvel, rural, residencial e patrimonial. A CNP quer levar mais.
Será que vai? A SulAmérica também precisa concluir a venda das carteiras de seguro de vida, previdência privada e capitalização. Enquanto tenta emplacar o negócio, batizado com o codinome de "Creta", em referência à maior e mais populosa ilha da Grécia, segue olhando ativos no mercado de odontologia. Recentemente, comprou a Prodent. Outro negócio em andamento é a conversa entre as resseguradoras Austral, da gestora Vinci Partners, e a Terra Brasis, do Brasil Plural, que cogitam uma possível fusão de suas operações no País.
» Big data. Enquanto não conclui a busca por novos sócios, a Caixa Seguradora segue reforçando o investimento em tecnologia. Neste contexto, modernizou o modelo de análise e precificação de riscos de seguros, que passou a usar dados (big data). Tradicionalmente, as seguradoras fazem essa análise por meio da declaração pessoal de saúde (DPS), na qual o cliente responde perguntas sobre seus hábitos, estilo de vida e histórico de saúde. Mas esse formato não permite uma análise precisa dos riscos. A partir do big data, a aposta da Caixa é melhorar a análise de risco com informações diversas de cada pessoa e, assim, aumentar as vendas no seguro de vida.
» Rapidinho. Com R$ 1 milhão em faturamento no primeiro ano de sua existência, a consultoria de inovação Nexo AI, já abriu filial em Nova York, nos EUA. O incentivo veio de multinacionais que contactaram a empresa em busca de soluções com o uso de inteligência artificial. Entre elas, a PR Cohn & Wolfe, de relações públicas, que é hoje seu principal cliente lá fora. Com o ingresso no mercado norte-americano, a Nexo AI prevê aumento de 40% nas receitas estimadas para 2019. A empresa já desenvolveu projetos para companhias como Volkswagen, Vale, Vertiv e Brastemp, da Whirlpool. No primeiro semestre do ano que vem, vai lançar, aqui e lá fora, uma plataforma única de recrutamento e seleção, em parceria com a Connekt.
» Expansão. O escritório Bumachar Advogados Associados, especializado em recuperação judicial e falências, está inaugurando uma filial em São Paulo, no Jardim Paulista. Com mais de 40 anos no mercado carioca e atuação exclusiva junto a devedores, o escritório é comandado por Juliana Bumachar, também presidente da Comissão de Recuperação Extrajudicial, Judicial e Falência da OAB Rio de Janeiro. Em São Paulo, o escritório será capitaneado por Pedro Simas e irá atuar também na área de contencioso cívil. A expectativa é aumentar em 30% o número de casos com a inauguração da filial já em seu primeiro ano de operação.