DORIA VENCE E PSDB TERÁ 7º MANDATO EM SP
EX-PREFEITO DERROTOU FRANÇA COM 51,7% DOS VOTOS
O ex-prefeito João Doria (PSDB) foi eleito governador de São Paulo com 51,7% dos votos válidos. Ele derrotou o atual governador, Márcio França (PSB), que obteve 48,3% na eleição mais apertada do Estado em 28 anos. Doria garantiu a hegemonia do PSDB em São Paulo, que já dura 24 anos. O governador eleito venceu a rejeição provocada pela renúncia precoce à Prefeitura de São Paulo e foi bem-sucedido em sua estratégia de “nacionalizar” a disputa ao colar sua imagem à de Jair Bolsonaro (PSL) e vincular França ao PT. Em discurso ontem, o tucano afirmou que “haverá mudança na correlação de forças” do partido e defendeu que a sigla esteja na base do governo de Bolsonaro. “O PSDB precisa sintonizar com o momento atual do nosso País”, afirmou. “A partir de 1.° de janeiro acabou o muro”, disse, em referência à fama da legenda de não tomar lado em debates. O ex-governador Geraldo Alckmin, padrinho político de Doria, não compareceu à festa da vitória. Ao todo, 14 dos novos governadores se elegeram com discurso vinculado à direita.
Na eleição estadual mais apertada do País, o ex-prefeito João Doria (PSDB), de 60 anos, foi eleito ontem governador de São Paulo. Com 51,7% dos votos válidos, o tucano derrotou o atual governador, Márcio França (PSB), e garantiu a hegemonia do PSDB no Estado, que já dura 24 anos – são sete eleições consecutivas. O pessebista obteve 48,3%.
Doria conseguiu superar a rejeição na capital provocada pela sua saída precoce da Prefeitura graças ao amplo apoio obtido nas cidades do interior com uma bem-sucedida estratégia de “nacionalizar” a disputa. O tucano colou sua imagem na de Jair Bolsonaro (PSL) durante todo o segundo turno e vinculou França ao PT para tirar vantagem do antipetismo no Estado. Na capital, Márcio França venceu com 58,1%.
A vitória de Doria sobre França também foi a mais apertada nas eleições ao governo de São Paulo em 28 anos. O tucano obteve uma vantagem de apenas 741 mil votos, menor do que o eleitorado de Campinas, e proporcionalmente semelhante à diferença obtida na eleição de 1990 pelo ex-governador Luiz Antonio Fleury (PMDB) contra Paulo Maluf (PDS).
Festa. Aos gritos de “Fora PT” e “João Trabalhador”, Doria foi recebido com festa na noite de ontem em um hotel na região central da capital, onde discursou ao lado da mulher, Bia Doria, do vice-governador eleito, Rodrigo Garcia (DEM), e de aliados políticos, como o ex-prefeito e ministro das Comunicações, Gilberto Kassab (PSD), “aliado de primeira hora”.
Ao contrário do que fez durante toda a campanha, quando abusou dos ataques a França e a Paulo Skaf (MDB), terceiro colocado na disputa, Doria adotou tom conciliatório e, mais uma vez, nacional (leia na pág. A28). “É hora de pacificar o Brasil. Não podemos de forma alguma iniciar o ano com o Brasil dividido. Temos de somar e agregar todos os brasileiros. Temos de ter desprendimento e grandeza para governar para todos”, disse o tucano.
Tanto Skaf quanto França ligaram para cumprimentar o governador eleito pela vitória. “Recebi dois telefonemas e atendi com dignidade pela grandeza do gesto. É assim que se faz política: com grandeza, não é com ódio, não é com separação, é somando forças”, afirmou.
França. Apesar de ter ficado atrás durante toda a campanha, o atual governador ganhou terreno na última semana e ameaçou seriamente a hegemonia tucana no Estado. Na véspera do pleito, os dois chegaram numericamente empatados (50% a 50%), segundo pesquisa Ibope/ Estado / TV Globo, o que empolgou a militância do PSB.
Ontem, França disse que saiu “vitorioso” das urnas, mesmo com a derrota, e que vai “fazer todo o esforço” para que Doria faça um “grande governo”. O governador disse ter desejado “toda sorte do mundo” ao ex-prefeito. “Sem gesto de rancor, sem torcer para dar errado”, completou França.