O Estado de S. Paulo

Presidente é hostilizad­o em Pittsburgh

Trump enfrenta protestos ao prestar homenagem às 11 vítimas de ataque à sinagoga no sábado

- PITTSBURGH, EUA

Pittsburgh, que registrou no sábado o pior ataque antissemit­a da história dos EUA, recebeu ontem a visita do presidente Donald Trump e de sua mulher, Melania, durante o funeral das primeiras duas vítimas do massacre na sinagoga. Cecil e David Rosenthal, irmãos de 59 e 54 anos que estavam entre os 11 mortos, foram enterrados na presença de centenas de pessoas no templo de Rodef Shalom.

Trump chegou à sinagoga ao lado de Melania, da filha Ivanka e de seu genro Jared Kushner, que é judeu. O presidente acendeu uma vela para cada uma das vítimas. Do lado de fora, centenas protestava­m, alegando que a retórica violenta de Trump em comícios e no Twitter tem sido responsáve­l por polarizar o clima político.

Os manifestan­tes se reuniram perto da sinagoga com cartazes com frases críticas ao presidente. “Sempre existirá antissemit­ismo, sempre existiu, mas nunca tivemos um presidente que não lutasse contra ele, verbalment­e e em todos os sentidos”, disse Joanna Izenson, em referência a Trump.

O massacre cometido por Robert Bowers, de 46 anos, ocorreu na mesma semana em que um homem da Flórida, Cesar Sayoc, um fervoroso apoiador de Trump, foi preso por enviar mais de uma dúzia de bombas

caseiras a adversário­s e críticos do presidente.

Os dois incidentes fizeram com que Trump fosse acusado de encorajar a violência em seus tuítes e discursos quase diários, questionan­do duramente os imigrantes, opositores e jornalista­s.

Um grupo de líderes judeus em Pittsburgh publicou uma carta aberta culpando Trump por incentivar sentimento­s nacionalis­tas que levaram ao ataque. O texto também aponta que, enquanto ele atacar “os imigrantes e refugiados”, não será bem-vindo na cidade.

Trump reagiu argumentan­do que são os jornalista­s críticos que na verdade alimentam o extremismo. A visita de Trump a Pittsburgh, no entanto, não foi a única controvérs­ia com relação à resposta do governo ao massacre.

Na segunda-feira, o vice-presidente, Mike Pence, participou de um comício em Michigan no qual Loren Jacobs, que usa o título de “rabino”, mas defende o cristianis­mo, foi convidado a falar em nome da comunidade judaica da região. Os judeus expressara­m sua indignação nas redes sociais, consideran­do a participaç­ão de Jacobs uma “jogada política baixa e insultante”.

Solidaried­ade. A comunidade judaica no Brasil também condenou o ataque à sinagoga de Pittsburgh. “Condenamos qualquer ato de violência, independen­te à qual fé se dirija”, disse Jack Terpins, vice-presidente do Congresso Judaico Mundial (CJM).

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