O Estado de S. Paulo

Se a missão é um ‘milagre’, padre Pedro abençoa

Amigo, protetor e quase um irmão para Felipão, religioso de Passos (MG) leva fé no Palmeiras contra argentinos

- Gonçalo Junior

Após a derrota para o Boca, o treinador Luiz Felipe Scolari ficou tenso e preocupado. Tinha de recuperar a equipe física e mentalment­e para o jogo com o Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro e, em seguida, pensar no duelo de volta diante dos argentinos. A força emocional e espiritual de que precisava veio de uma troca de mensagens pelo celular. Do outro lado da linha estava o padre Pedro Bauer, amigo, conselheir­o e quase irmão (nas palavras do próprio técnico) há quase 30 anos. Se a missão de fazer três gols no Boca é quase um milagre, Felipão está bem assessorad­o.

“Nós cuidamos do lado espiritual, fazemos orações, mas também conversamo­s como amigos. Ele disse que sou quase um irmão para ele”, diz o padre de 69 anos. O conselho para o jogo de hoje foi otimista, obviamente. “Será difícil, mas o time é forte em casa. Se o Felipão levou um 7 a 1, talvez ele possa dar um 7 a 1”, diz o sacerdote, referindo-se à derrota da seleção brasileira para a Alemanha na Copa de 2014. “O Palmeiras tem força mental para reagir em casa.”

O padre saiu pela tangente quando questionad­o pelo Estado se estará no Allianz Parque. Disse que tinha compromiss­o no local onde mora, Passos, sul de Minas Gerais. Depois afirmou que virá a São Paulo até sábado. O fato é que o próprio treinador o convida para uma visita desde que reassumiu o Palmeiras. Além disso, membros da comissão, especialme­nte aqueles remanescen­tes de 1999, estão cobrando um abraço.

A amizade foi criada há quase 30 anos. Natural de Sombrio, em Santa Catarina, e apaixonado por futebol, o padre Pedro estava em Criciúma na final da Copa do Brasil de 1991. Era o time local, dirigido por um tal Felipão em começo de carreira, e o Grêmio. O padre foi convidado a abençoar os atletas antes da decisão. Deu certo. O título consagrou Luiz Felipe Scolari, católico praticante, e transformo­u o padre em guia espiritual.

Constante. No Palmeiras, ele foi figura constante no início dos anos 2000, período áureo com a conquista da Libertador­es (1999) e o vice no ano seguinte. Sempre estava por perto para dar uma mensagem de fé e confiança. Nem sempre falava de religião, por causa dos evangélico­s e espíritas. Chegou a fazer refeições com o grupo e a conviver reservadam­ente com jogadores para ler trechos da Bíblia. Ao longo dos anos, batizou os filhos dos ex-jogadores Alex e Arce. Nos anos seguintes, esteve com as seleções do Brasil e de Portugal. “Felipão quer que eu conheça o elenco de hoje porque acha que os atletas são quase iguais aos daquela época”, disse. “Todos são unidos.”

A amizade não esfriou nem com a ida de Felipão à China. Em setembro, o padre celebrou o casamento de Fabrício, filho do treinador, em Porto Alegre. “O Felipe é coerente, correto e muito sincero. Cumpridor daquilo que assume e leal com as pessoas”, define.

Pedro Bauer

PADRE AMIGO DE FELIPÃO ‘Nós cuidamos do lado espiritual, fazemos orações e conversamo­s como amigos’

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ARQUIVO PESSOAL Amigo de fé. O padre Pedro Bauer tornou-se uma das pessoas mais próximas de Felipão

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