Aprovar reforma este ano seria ótimo sinal, diz presidente do Itaú
Candido Bracher vê como positiva disposição do presidente eleito em fazer as reformas de que o Brasil precisa
O presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, afirmou ontem que está “muito bem impressionado com as primeiras coisas que está ouvindo” do futuro governo de Jair Bolsonaro . Entre as notícias positivas, ele mencionou, em conversa com analistas e investidores ontem, o encaminhamento do projeto de independência do Banco Central e também a possibilidade de aprovar a reforma da Previdência ainda no mandato do presidente Temer. “As preocupações manifestadas até agora parecem em linha com a responsabilidade fiscal e agenda de reformas que são necessárias.”
A aprovação ainda neste ano da reforma da Previdência, mesmo que seja no modelo atual proposto por Temer, seria bem recebida pelo mercado, na opinião do presidente do Itaú Unibanco. “Seria bom, um ótimo sinal”, avaliou o executivo, em teleconferência com a imprensa.
A reforma da Previdência, segundo ele, é a medida mais importante a ser tocada pelo novo governo. Bracher destacou, contudo, que se o País ficar apenas no ajuste da aposentadoria social, corre o risco de entregar um “crescimento medíocre”.
Bracher destacou o equilíbrio das contas públicas como um desafio importantíssimo para o novo governo e fundamental para retomar a confiança dos investidores estrangeiros. “As eleições foram as mais acirradas no período recente, mas permitiu discussões relevantes.”
Além do equilíbrio das contas públicas, Bracher mencionou ainda a necessidade de o Brasil fazer mais reformas para ir além e elevar a produtividade. Segundo ele, são necessárias as reformas política, tributária e ainda a revisão de políticas públicas na área de educação, com foco na equidade.
Reservas. O executivo considera saudável o País usar parte dos US$ 380 bilhões que possui em reservas internacionais para amortizar sua dívida. “As reservas cambiais rendem 1,5% ao ano, que é a taxa dólar, enquanto a dívida tem 6,5% ao ano de custo. É saudável usar parte para amortizar dívida porque tem impacto fiscal positivo. Temos US$ 380 bilhões e, possivelmente, não necessitamos de tanto assim para fazer frente às oscilações do câmbio.”
O executivo destacou, contudo, a importância de usar as reservas internacionais para amortização da dívida pública de forma gradual para evitar oscilações no câmbio. “É importante ver como fazer isso. Não se pode pegar as reservas e lançá-las de uma vez, pois geraria grande oscilação no câmbio”, alertou Bracher, lembrando que o bom volume de reservas, principalmente, nos últimos meses, diferenciaram o Brasil de países que enfrentaram crise cambial como, por exemplo, Turquia e Argentina.